Foi o segundo Globo de Ouro da carreira (o primeiro foi em 2002 pelo telefilme James Dean) para James Franco, após arrecadar o prémio para Melhor Ator na categoria de Comédia ou Musical, por interpretar Tommy Wiseau, em The Disaster Artist, filme em que também assina a realização.
E ao segundo globo seguiu-se um primeiro ‘tweet’ por parte de Ally Sheedy — que mais tarde apagou, mas que visava também Christian Slater (nomeado por Mr. Robot). Tweet sobre? O tema do momento: assédio. No entanto, nessa sequência de tweets (foram três), não frisou nenhuma situação em particular. Sheedy para quem não se recorde dela é uma atriz que ficou conhecida por interpretar Allison em The Breakfast Club (1985).
Ally Sheedy contracenou também, em 2014, naquela que foi a estreia no teatro fora da Broadway de James Franco, na peça The Long Srift. Na altura, o The New York Times escreveu sobre ela e adiantou que Sheedy abraçou Franco em frente ao repórter da publicação e que disse que este era “um homem lindo e generoso”.
No domingo à noite, Sheedy deixou transparecer outra história.
“Ok, esperem. Adeus. Cristian Slater e James Franco à mesa nos Globos de Ouro. #MeeToo”, publicou no Twitter, de acordo com a Time.
“James Franco acabou de ganhar. Por favor não me voltem a perguntar porque é deixei a indústria dos filmes/TV”, escreveu depois noutra entrada.
Segundo a Time e a Vanity Fair, nenhum representante, de ambos os atores, quis comentar a reação da atriz.
Mas não tardou que outros espetadores da cerimónia utilizassem o Twitter para visar situações do passado do ator. E, em dois deles, duas mulheres acusam mesmo Franco, recordando uma situação ocorrida em 2014, em que o ator, então com 35 anos, alegadamente se insinuou a uma rapariga de 17, no Instagram.
A atriz Violet Paley escreveu no Twitter: "Pin fofo #TIMESUP, James Franco. Lembras-te daquela vez em que baixaste a minha cabeça no carro em direção ao teu pénis exposto & daquela vez que disseste à minha para ir ter contigo ao hotel quando tinha 17 anos? Depois de teres sido apanhar a fazer isso a uma rapariga diferente de 17 anos?”
A Time, citando o site Gawker, vai atrás da história e recorda o que terá acontecido. A jovem em causa conheceu o ator à saída de um espetáculo durante o tempo em que Franco estava na Broadway a atuar na peça “Of Mice and Men”, em que dividia o palco com o irlandês Chris O'Dowd (“It Crowd”, “Bridemaids”, “Molly’s Game”). Após terem estabelecido contacto através do Instagram, a jovem ter-lhe-á dito que voltaria a entrar em contacto quando tivesse “18 anos”. Em resposta, Franco terá perguntado a sua localização em Nova Iorque e se “devia de alugar um quarto” (“Should I rent a room?”).
Numa entrevista em 2014, o ator comentou o incidente no programa Live! With Kelly and Michael. “Estou embaraçado. Acho que sou apenas um modelo de como as redes sociais podem ser delicadas”, disse. “É uma maneira das pessoas se conhecerem hoje em dia, mas aquilo que aprendi é que tu não conheces quem está do outro lado. Tive um mau discernimento e aprendi a minha lição”, concluiu.
Só que o assunto não ia morrer ali. Mais tarde, apenas um mês após ter dado essa entrevista, no programa de Howard Stern, um conhecido radialista norte-americano, reconheceu que não estava a visar intencionalmente raparigas adolescentes. “Dezassete anos é legal em Nova Iorque, mas que assim seja, ainda são demasiada novas”, disse. “[As acusações] estão a fazer com que pareça que esteja a perseguir jovens mulheres. Não é que esteja a ir à porta dos liceus à procura de encontros”, concluiu.
No Twitter, as reações a visar o ator, hoje com 39 anos, continuaram, após a cerimónia dos Globos de Ouro. A atriz Sarah Tither-Kaplan foi uma delas e escreveu num momento: “Oi, James Franco, agora que tens um Globo de Ouro porque é que não dás papéis que falem e que não seja requerida nudez nos teus filmes futuros às dezenas de mulheres que fizeram nudez total + cenas sexuais nos teus filmes independentes e projetos de arte?”.
Horas antes, Tither-Kaplan também tinha acusado o ator. “Oi, James Franco, bom #timesup pin nos golos #GlobosDeOuro, recordaste há algumas semanas atrás quando me disseste que a nudez frontal que me fizeste fazer em dois filmes teus por 100 dólares/dia não era exploração porque assinei um contrato para o fazer? Times up nisso!”
Também no Twitter, ainda que sem citar nomes, a jornalista do New York Times e crítica de cinema, Margaret Lyons, e a atriz Zoe Kazan (neta do mítico realizador Elia Kazan e que entrou em dois episódios de “Deuce”, mini-série da HBO e com Franco no papel principal) pronunciaram-se sobre o tema.
"Mais um homem poderoso de Hollywood será acusado de algo grotesco e a sua foto oficial mais recente será aquela de hoje à noite, com o seu pin do Time's Up".
"Sou a favor da solidariedade e de protestos visíveis, mas existe definitivamente pelo menos um homem naquela sala usando um pin do Time's Up, que é o exato oposto de um aliado".
Este domingo, durante a cerimónia dos Globos de Ouro, Franco utilizou o pin da “Time’s Up”, como muitos outros homens presentes, mas não fez qualquer tipo de referência à paridade de género ou à recente onda de casos de assédio sexual na indústria cinematográfica, quer durante o seu discurso de aceitação do prémio, quer quando abordado durante a passadeira vermelha.
A 1 de janeiro, foi anunciado o projeto “Time’s Up” para apoiar a luta contra o assédio sexual, por mais de 300 atrizes, argumentistas, diretoras e outras personalidades ligadas ao cinema, entre as quais as atrizes Cate Blanchett, Ashley Judd, Natalie Portman e Meryl Streep, a presidente da Universal Pictures, Donna Langley, a escritora Gloria Steinem, a advogada e ex-chefe do Gabinete de Michelle Obama, Tina Tchen, e a co-presidente da Fundação Nike, Maria Eitel.
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