A Night Summit, que ocupa por estes dias vários bares e restaurantes em Lisboa, é uma extensão da Web Summit: aqui, os negócios não deixam de existir, mas são menos importantes que o convívio entre pessoas dos mais de 160 países representados no evento.
Uma reportagem realizada pela Lusa foi nesta terça-feira à noite à popular Pink Street lisboeta (Rua Nova do Carvalho, no Cais do Sodré) e o ambiente não distava muito de uma normal sexta-feira ou sábado: pessoas, muitas pessoas, conversas e copos, com a diferença a residir na diversidade de línguas escutadas e no maior à vontade com que estranhos trocam palavras, cartões-de-visita ou números de telefone.
Pieter, empresário holandês, está sentado com um grupo de amigos numa das esplanadas da rua. Chama à atenção porque tem consigo um género de “carimbo tecnológico”, um dos produtos para o qual pretende obter investimento – a ideia é dar um passo em frente face aos “facilmente copiáveis” códigos QR e transportar dados.
A cimeira está a correr bem, confessa: “Durante o dia temos conversas sérias com investidores, mas esses investidores encontras também aqui na Night Summit”, diz, antes de revelar, entre risos, que “as mesmas pessoas são completamente diferentes” do dia para a noite, concretizando que “é essa a magia da Night Summit”.
Iwona chama a atenção por ser a única em manga curta num raio de larguíssimos metros – os termómetros bateriam por esta altura os dez graus, o que, “para uma polaca, é quase verão”. “É a minha primeira vez [em Lisboa]. É linda, estou muito impressionada com o mar, a arquitetura. As pessoas são muito atenciosas, os portugueses são incríveis”, conta, enquanto bebe uma cerveja na rua. E será possível comparar a Web Summit e a Night Summit? Iwona tenta: “A Web Summit tem mais gente, mas são coisas diferentes, não podes comparar. Ambas são excelentes”, não hesita, antes de novos elogios à capital portuguesa e às suas gentes.
Antonia vem da Áustria e passeia-se pelo Cais do Sodré com uma colega russa – ambas trabalham para uma empresa que, “num modelo de e-commerce”, vende “produtos de beleza orgânicos”. À Web Summit vieram para “conhecer pessoas na indústria da tecnologia” e tentar potenciar o negócio. E a verdade é que depois de prestarem estas declarações, são abordadas por um casal de portugueses que lhes apresenta a sua empresa de criação de páginas Internet. Pode não ter havido contrato, mas a troca de contactos foi uma certeza.
Os empresários portugueses já conhecem o Cais do Sodré mas não estão numa terça-feira à noite aqui por acaso, como conta Diogo, da Bold International, companhia na área dos novos media e tecnologia. “O nosso ‘core business’ é muito ‘outsourcing’ e IT”, conta, sem travão nos anglicismos. E a noite? “Aqui tem servido mais para trabalharmos a parte internacional”, e sempre de copo na mão.
Nos tempos que correm, a palavra ‘startup’ é das poucas que rivaliza em popularidade com o termo ‘selfie’ – e eis que surge Nina, natural da Macedónia, com uma acreditação em nome da “Start Up Selfie”. “Sou boa com ‘startups’ e na escrita, mas sou péssima a tirar ‘selfies'”, diz, num tom divertido, antes de explicar que não veio a Portugal com uma empresa, antes com uma página Internet: “Quando viajo tento conhecer pessoas da comunidade ‘startup’ nessa cidade e partilhar a sua história” nessa página.
Em paralelo com o convívio na Pink Street lisboeta, são várias as festas focadas na cimeira da Internet que tomou Lisboa de assalto: na noite de terça-feira, por exemplo, realizou-se um evento – que juntou concertos e atuações de vários DJ – das empresas Tradiio e Beta-i no Mercado da Ribeira, a três minutos a pé do centro do Cais do Sodré.
Pelo caminho, ouvem-se várias línguas, trocam-se contactos, há alguns sorrisos cúmplices e, entre um copo ou outro, deixa-se de lado o formalismo: todos são iguais, os de fora estão em Portugal por poucos dias e querem aproveitar, os de cá não enjeitam novas redes e oportunidades.
A Web Summit de Lisboa, que arrancou na segunda-feira, conta com mais de 53.000 participantes, de 166 países, incluindo 15.000 empresas, 7.000 presidentes executivos e 700 investidores.
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