O filme venceu o prémio do júri naquele festival, cuja 31.ª edição terminou no domingo.
“A semente do mal”, que tem estreia comercial em França na quarta-feira, em mais de 200 salas de cinema, é a primeira incursão do artista visual Gabriel Abrantes no cinema de terror.
Com produção da Artificial Humors, também é a primeira longa-metragem de ficção assinada apenas por Gabriel Abrantes, depois de ter correalizado “Diamantino” (2018) com o norte-americano Daniel Schmidt.
O filme foi rodado em 2020 em Sintra, é protagonizado por Carloto Cotta, num duplo papel de gémeos que se reencontram em Portugal depois de décadas de uma separação forçada, pondo a descoberto um segredo macabro de família, envolvendo a mãe.
O elenco integra ainda a atriz norte-americana Brigette Lundy-Paine e as portuguesas Anabela Moreira, Alba Baptista, Rita Blanco e Beatriz Maia, entre outros atores, em papéis secundários.
“Eu gosto muito de cinema fantástico, bizarro, surreal, e o cinema de terror tem isso tudo no seu ADN. Um filme de terror tem coisas sobrenaturais, tem coisas fantásticas, tem fantasmas, bruxaria, etc.. Isso atraiu-me ao género. Por outro lado, também é um género mais democrático. Filmes de terror com muito poucos meios conseguem ter um alcance bastante maior”, disse Gabriel Abrantes em entrevista este mês à agência Lusa.
“A semente do mal”, que está atualmente em cartaz em Portugal, foi feito inteiramente com produção portuguesa, com apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual, e junta-se a uma curta cinematografia portuguesa de longas-metragens de terror.
“Em Portugal há pouco investimento nisso, mas muito do cinema que se faz cá é incrível, é um cinema autoral, puro e duro e tem o seu valor. Talvez não haja tanto essa cultura ou pode haver algum desprezo por um género como o cinema de terror. Eu gosto de abraçar essas formas populares mais desprezadas ou ‘esnobadas’”, considerou.
Gabriel Abrantes, que nasceu nos Estado Unidos em 1984, é um artista multidisciplinar que tem trabalhado em cinema e artes visuais. Expõe regularmente desde 2006, em particular instalação e videoarte.
Em 2009, venceu o Prémio EDP Novos Artistas e no ano seguinte foi premiado em Locarno com "A history of mutual respect", partilhando a realização com Daniel Schmidt. Em 2018, "Diamantino" venceu o Grande Prémio da Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes.
Comentários