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E tudo muda quando aparecem
Então, parece que existem universos de super-heróis para além da Marvel e da DC, especialmente na Amazon Prime Video, que tem de se fazer à vida por não ser dona de nenhum destes franchises, que parecem ser dos poucos capazes de dar lucro em tempos de pandemia. Depois da série “The Boys”, que foi um sucesso global, o serviço de streaming lançou recentemente a série animada “Invincible”, que apresenta um novo mundo de seres com capacidades extraordinárias, desconhecido para a maior parte de nós.
A série procura a originalidade pegando em três tendências: 1) as séries animadas não têm de ser só comédias e podem ser construídas como uma série dramática normal, como “BoJack Horseman”, da Netflix, fez tão bem; 2) a representação dos super-heróis como bestas quadradas, piores que a maior parte dos seres humanos (a premissa de “The Boys”) e 3) um bom teen drama de que toda a gente gosta.
Mas então quem é que é o “invencível”? No primeiro episódio, Mark Grayson é um adolescente que preenche todos os requisitos para ser geek. Gosta de banda desenhada (check). Sofre de bullying (check). Tem um único e melhor amigo gay (check). E, claro, tem dificuldade em conseguir expressar-se da melhor maneira com raparigas (check). Contudo tem uma particularidade interessante: o seu pai é Omni-Man, um ser alienígena com travos de Super-Homem e membro dos “Guardiões do Globo” (uma mistura de Avengers com Liga da Justiça). Por isso, mesmo considerando o facto de a sua mãe ser uma comum mortal como nós, a genética funcionará a seu favor e os seus poderes estão para aparecer mais dia menos dia, e tudo muda quando aparecem.
Conseguir voar, ter super-força e passar a ser “de ferro” são ingredientes perfeitos para aumentar a autoestima e para atrair a atenção de raparigas na escola (mesmo que elas não saibam da sua existência). Mas tudo isto significa também mais responsabilidades e treinos diários com o seu pai para aprender a tirar o melhor proveito das suas novas capacidades. Mark passa a ser “Invincible” em part-time, salvando vidas, combatendo invasores extraterrestres e tornando-se aquilo que sempre sonhou. No entanto, o mundo dos super-heróis é feito de aparências. Dos seus colegas super-heróis, Mark esconde a sua verdadeira identidade. Do seu amigo e nova namorada, esconde os seus poderes. Resta descobrir o que outras pessoas escondem de si.
Quem criou isto? O nome Robert Kirkman pode dizer pouco, mas se vos disser que também criou a banda desenhada e a série “The Walking Dead” já ficam com uma referência. Sim, já deviam ter acabado com a série de zombies. Mas as primeiras temporadas continuam a ser do melhor que se viu em televisão nos últimos anos.
Elenco de luxo: Vozes de J.K. Simmons como Omni-Man (e incríveis semelhanças) e Steven Yeun, nomeado para Óscar de Melhor Ator com “Minari”, como Mark. Conta ainda com Sandra Oh (“Anatomia de Grey”), o mestre Jedi Mark Hamill, Jon Hamm (Don Draper em “Mad Men”) e muitas mais figuras conhecidas.
Bom pormenor: o genérico da série só entra no episódio depois da palavra “invincible” ser mencionada pela primeira vez por uma das personagens. No primeiro episódio, só entra a 10 minutos do fim (todos os episódios têm entre 40-45 minutos) e introduz um mega-spoiler que, claro, não vou dizer qual é.
Um criminoso internacional desconhecido
“The Serpent”, uma minissérie original da Netflix que estreou na sexta-feira, é uma história criminal baseada em factos reais. Charles Sobhraj foi um criminoso internacional francês que, nos anos 70, montou uma operação na Tailândia, que consistia em enganar turistas hippies à procura do nirvana: vendia-lhes pedras “pouco” preciosas, roubava a sua identidade e dinheiro de viagem e, em casos mais extremos, fazia com que desaparecessem.
Contudo, Sobhraj não é um criminoso carismático nem tão conhecido como, por exemplo, Pablo Escobar. Custa admitir, mas todos nós em algum momento, pelo menos na primeira temporada de "Narcos", nos ficámos a sentir mal por desejar que o traficante colombiano tivesse sucesso. Contudo, em “The Serpent”, nunca torcemos pelo mau-da-fita, mas sim pelas pessoas que o perseguem. E quem são estas pessoas? Um agente da polícia local? Um espião internacional? Não. Um secretário da embaixada holandesa na Tailândia e a sua mulher.
O que começa como uma carta a questionar o paradeiro de um casal de jovens holandeses desaparecidos em Banguecoque rapidamente se transforma numa investigação internacional a Sobhraj que se estende a países como a Índia e o Nepal. A história não tem propriamente um final feliz e tem vários saltos temporais que por vezes a podem tornar um pouco confusa, mas não deixa de ser um bom thriller criminal e, em tempos de pandemia, a forma mais fácil de conhecer as paisagens do continente asiático. Há que ver o copo meio cheio.
É desta que vês isto
Existem três tipos de pessoas: as que já ouviram falar de “Brooklyn Nine-Nine”, mas nunca viram; as que adoram a série e esperavam ansiosamente pelo lançamento da sétima temporada em Portugal e as que nunca ouviram falar da mesma. Esta rubrica aplica-se a todos.
Começando pelos últimos: espero não ser insultado por esta comparação, mas “Brooklyn Nine-Nine” é uma espécie de “The Office”, mas numa esquadra de polícia em Brooklyn. Uma série de comédia que transforma um ambiente que tinha tudo para ser aborrecido em algo que nos dá vontade de fazer binge para acompanhar as aventuras e relações de personagens peculiares. É uma ótima companhia para pausas de almoço em teletrabalho.
Conheço, mas nunca vi: depois de vários anos em que não aguentavas quando a série se tornava tema de conversa, agora podes ver tranquilamente e juntar-te à conversa.
- Finalmente chegou! (spoiler alert) A sétima temporada traz novas aventuras para a equipa “Nine-Nine”. Captain Holt já não é líder da esquadra e Jake e Amy vão tentar ter um bebé. Os episódios prometem.
Dois extras: um post no Reddit com 9 razões para ver a série e uma das suas melhores cenas aqui.
Créditos Finais
- Disney+: a plataforma de streaming lançou o trailer da série da Marvel “Loki”, protagonizada por Tom Hiddleston, que vai estrear no dia 11 de junho. Vê aqui.
- Godzilla vs Kong: o filme da Warner Bros já é o mais rentável nos cinemas dos EUA desde o início da pandemia, com 48 milhões de dólares em receitas de bilheteira. A estreia em Portugal está marcada para maio, mas podes ver o trailer aqui.
- Bola ao Ar: o episódio mais recente do podcast sobre NBA da MadreMedia contou com Júlio Magalhães que, reza a lenda, marcou 128 pontos num jogo quando praticava a modalidade na adolescência. Ouve na íntegra aqui.
- Netflix: lê aqui uma lista de dez das melhores séries para ver no serviço de streaming. Prometo que é melhor que o Top 10 atual.
- HBO Portugal: na plataforma estão algumas das melhores séries alguma vez produzidas. Encontra aqui 10 que, se ainda não viste, podem passar a fazer parte do teu dia a dia.
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