“A tela tinha cerca de dois centímetros dobrados, que estavam omissos no quadro e foram agora restaurados”, afirmou hoje Verónica Ribeiro, mestranda do Instituto Politécnico de Tomar (IPT), responsável da recuperação da pintura de Josefa d’Óbidos.
A pintora Josefa de Óbidos (1630-1684) esteve este ano no centro do programa do município de Óbidos para assinalar o Dia Internacional dos Museus e foi tema da palestra em que a Técnica de Conservação e Restauro detalhou o processo de restauro levado a cabo na tela “Lamentação sobre o Cristo Morto” (c.1670).
A pintura, que chegou ao Politécnico de Tomar a 15 de novembro de 2016, regressou à igreja de A-da-Gorda um ano depois, com 1,68 por 85 centímetros, depois de recuperados os dois centímetros que se encontravam dobrados para o interior da moldura.
Apesar de recuperado, esse rebordo da tela “continua a não ser visível para o público”, já que a pintura foi recolocada na moldura original, mas, segundo a técnica “foi criado um acrescento na parte traseira para permitir que a tela não seja dobrada e se mantenha a pintura completa”.
O restauro do quadro foi feito no âmbito de uma parceria entre o IPT, a Paróquia e a Câmara de Óbidos que “tem já inventariadas mais obras para serem restauradas por alunos do Politécnico, com supervisão dos professores e acompanhamento técnico”, disse à agência Lusa a vereadora da Cultura, Celeste Afonso.
As telas do Santuário do Senhor da Pedra (cuja obra de restauro foi iniciada este mês) “serão as próximas a intervencionar, até para poderem voltar a ser expostas o mais rapidamente possível após a conclusão da obra no edifício”, mas, segundo a vereadora, a lista integra igualmente “um conjunto de telas de várias capelas do concelho”.
À agência Lusa a vereadora adiantou a intenção de “solicitar apoio à Direção-Geral do Património Cultural para outros restauros, já que dada a grande quantidade de obras que queremos restaurar temos que alargar as parcerias para ter resultados num menor número de anos”.
A “Lamentação sobre o Cristo Morto”, é considerada “uma peça muito relevante pela sua qualidade, porém nunca apresentada em qualquer exposição realizada” sobre a pintora (Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa, em 1949; Óbidos, em 1983; Palácio da Ajuda em Lisboa, em 1991; diversas exposições em Itália, França e Estados Unidos; novamente Óbidos, na exposição dedicada ao pai, Baltazar Gomes Figueira, em 2006; e r no Museu Nacional de Arte Antiga, em 2015).
Esta última, denominada "Josefa de Óbidos e a Invenção do Barroco Português", foi visitada por 25 mil pessoas entre a inauguração, a 16 de maio de 2015 e o início de setembro, levando a organização a prolongar a mostra, que deveria ter encerrado no dia 6 e decorreu até 20 daquele mês.
A exposição integrava 130 peças de pintura, escultura e artes decorativas, provenientes de várias instituições nacionais e internacionais, como os museus do Prado, em Madrid, e de Bellas Artes de Sevilha, assim como o Mosteiro do Escorial, situado perto da capital espanhola.
A pintora Josefa de Ayala Figueira - mais conhecida por Josefa de Óbidos, onde viveu - nasceu em 1630, em Sevilha, Espanha, e faleceu em 1684, em Óbidos, Portugal, com 54 anos.
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