João Gomes de Sousa, poeta popular, pobre, analfabeto, autor da canção “Bailinho da Madeira”, foi uma figura popular, no arquipélago, e o filme, dirigido por Luís Miguel Jardim, centra-se em particular nos anos de 1940/50 e na primeira Festa da Vindima, em 1938.
Foi nessa edição que Gomes de Sousa tocou e cantou, pela primeira vez, o “Bailinho da Madeira”, no âmbito da atuação do Rancho Folclórico do Arco da Calheta, que ganhou então o primeiro prémio da festa.
Cerca de uma década mais tarde, em 1949, o cantor Maximiano de Sousa, conhecido por Max, então o mais famoso dos artistas madeirenses, tomou a letra e gravou a canção de Gomes de Sousa em Lisboa, sem conhecimento do autor, como evoca o “Feiticeiro da Calheta”, o filme.
O filme conta com Alberto João Jardim entre os intérpretes, no papel de um pastor.
“Ter Alberto João Jardim num filme meu era um desejo de há muito”, confessou o realizador, explicando que o ex-presidente do Governo Regional da Madeira já tinha mostrado interesse em participar numa obra sua, desde a sua anterior produção, “Águas”.
“Desde logo demonstrou interesse em saber do papel e quais as falas que lhe caberiam”, explicou o realizador.
No filme, o antigo líder do PSD-Madeira é um pastor que se cruza com a filha do Feiticeiro da Calheta, a quem diz que “as crianças da Madeira, um dia, terão melhores condições de vida”.
É “um papel feito à medida” de Jardim, afirma o realizador, que associa o político à “transformação da região”.
Luís Miguel Jardim diz que o tema central do filme, que conta com cerca de 400 atores e figurantes, “passa muito” pela exploração da população da Madeira, durante o tempo de vida do autor do “Bailinho”.
João Gomes de Sousa nasceu na Calheta, na zona oeste da Madeira, em 1895, e morreu em 1974.
A longa-metragem “O Feiticeiro da Calheta” tem antestreia marcada para 03 de março, na Casa das Mudas, na Calheta, pelas 20:30, e estreia no dia 05 de março, no Casino da Madeira, “com entradas apenas por convite”, informou o realizador, Luís Miguel Jardim.
As sessões regulares, pagas, realizam-se de 10 a 12 de março, no casino da Madeira e, depois, de 17 a 26 de março, há várias sessões na Casa das Mudas.
No início de abril, “O Feiticeiro da Calheta” fica em exibição no Centro Cultural John dos Passos, na Ponta do Sol.
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