O produtor cubano, que se apresenta como “salseiro”, “rockeiro” e “popeiro”, entendeu a concentração da performance do fado - “sem palco, sem amplificação, a nu” - “semelhante ao respeito e ao silêncio do público do jazz”, explica num texto que acompanha o CD, a editar na sexta-feira pela Universal Music.
Referindo estas e outras semelhanças entre os dois géneros musicais, e o facto de ser um adepto do jazz, Oscar Gomez congeminou a possibilidade de os juntar num disco, tendo convidado também António Zambujo, Raquel Tavares, Ana Bacalhau, Marco Rodrigues, Joana Almeida, Cuca Roseta e a espanhola María Berasarte, natural do País Basco, que já gravou um disco de fados, produzido pelo poeta Tiago Torres da Silva.
Sobre o projeto, escreve Oscar Gomez: “De modo que eu disse para mim mesmo, porque não casar os dois? Porque não experimentar como podem conviver, sabendo de antemão que têm tantas semelhanças?”.
“O Fado e o Jazz - latino por sinal, por sinal, porque a minha condição caribenha a isso me obriga – juntos para viajar pelo mundo”, acrescenta Oscar Gomez, de 67 anos, atualmente a viver em Espanha, que produz o álbum com Javi L. Rollan.
Esta não é a primeira aproximação entre os dois universos: Amália Rodrigues gravou temas do seu reportório, numa tarde em 1968, um álbum com o saxofonista norte-americano Don Byas.
“Estranha Forma de Vida” (Amália Rodrigues/Alfredo Marceneiro), criação de Amália, é um dos temas que fazem parte do CD, numa interpretação de Hélder Moutinho.
“Jazz in Fado” inclui outros temas, sem que sejam todos do universo fadista, como “Limão, Verde Limão” (Arlindo Carvalho), por Raquel Tavares, ou “Coimbra - Avril au Portugal” (José Galhardo/Raul Ferrão), por Cuca Roseta.
“Lisboa, Menina e Moça” (Ary dos Santos/Joaquim Pessoa/Fernando Tordo/Paulo Carvalho), por Carlos do Carmo abre o CD, que inclui ainda ”Escrevi o Teu Nome no Vento” (Jorge Rosa/R. Ferrão), por Carminho, “Solidão” (David Mourão-Ferreira/Ferrer Trindade) e “Veio a saudade” (António Campos/Jorge Barradas), por António Zambujo, entre outros.
“Tudo isto é Fado” (Aníbal Nazaré/Fernando de Carvalho), uma criação da atriz Irene Isidro no palco do teatro de revista, em meados do século XX, encerra o CD, numa interpretação de Joana Almeida.
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