O projeto “Nylons & Popelinas”, que assumiu como lema “Aqui, nem os trapos são velhos”, foi desenvolvido ao longo dos últimos meses nos lares, centros de dia, academias e universidades seniores do concelho, tendo cada uma das instituições recebido um voluntário com apetência para as áreas de design, comunicação e marketing, que identificou habilidades e saberes para a criação de produtos contemporâneos, patentes até domingo na Feira Social, uma das iniciativas da Semana da Ascensão.
Cláudia Moreira, vice-presidente da Câmara da Chamusca (distrito de Santarém), disse à Lusa que, depois de duas edições da Feira Social, com “trabalhos fantásticos” desenvolvidos em torno de um tema – chapéus de chuva, num ano, e rodas de bicicletas, no outro -, pensou-se em aproveitar as habilidades dos utentes para criar marcas que permitam às instituições, sempre tão carenciadas de recursos, obterem alguma rentabilidade, ao mesmo tempo que se tornam as pessoas mais felizes.
“Sabemos que os lavores também contribuem para prevenir as doenças mentais”, disse a autarca, licenciada em psicologia social e das organizações.
Sublinhando a importância dos projetos que “tornam as comunidades mais resilientes”, Cláudia Moreira apontou igualmente o contributo deste tipo de iniciativas para tornar as pessoas “mais autoconfiantes e mais felizes”, o que, frisou, “está provado que dá saúde”.
Além da criação de produtos a partir de lavores tradicionais, o projeto incluiu outras vertentes, como um desfile dos utentes das instituições com as suas criações e uma sessão de fotografia com os “embaixadores” de cada marca que deu origem a cartazes com os slogans da iniciativa.
“Aqui, a idade é a do futuro”, “Aqui fazemos da vida um desafio”, “Aqui, vamos surpreender”, “Aqui, nem os trapos são velhos”, “Aqui recusamos a fatalidade”, “Aqui, somos Gente com vida na alma” são os slogans inscritos nos cartazes que exibem o selo “Empreendedorismo Social – Felicidade Garantida”.
Do trabalho realizado nas instituições nasceram as marcas “Orrió”, bolsas e malas de palha (da Casulme), “Campina”, loiças pintadas (da Aconchego), “As Loucuras das Avós”, croché (do Convívio Sénior do Pinheiro Grande), “Picota”, aplicações de cor em fotos antigas a preto e branco (do Centro de Apoio Social do Chouto), “Trilogia”, peças em cortiça pintadas a três cores (do CAS da Parreira), “Casa de Trava”, túnicas e bolsas (da Academia Sénior da Junta de Freguesia de Vale de Cavalos).
Há ainda a “Flower Power”, flores de papel (da Academia Sénior da Junta da União de Freguesias de Parreira e Chouto), a “Universidade Sénior”, lenços carimbados e bordados e objetos decorados com cianotopia (da Universidade Sénior da Junta de Freguesia da Carregueira), “A.Linha.Vó”, aventais (da Universidade Sénior da Junta da União de Freguesias da Chamusca e Pinheiro Grande), “Laranja Doce (Sweet Orange)”, ‘pack’ chá de flor de laranjeira + bolos (do CAS Carregueira) e a “Olé/Old Taste”, licores (da Santa Casa da Misericórdia da Chamusca).
Os produtos vão estar presentes no evento Portugal Inovação Social que vai decorrer em Lisboa nos próximos dias 23 e 24, adiantou.
Segundo Cláudia Moreira, o próximo passo passa por analisar com cada instituição “o caminho que quer para a marca” e apoiar as que queiram criar plataformas para comercialização online.
Por outro lado, o município vai candidatar a fundos comunitários a requalificação do Centro de Artes e Ofícios, onde quer instalar uma oficina comunitária, dotada de apoio técnico.
“O que foi desenvolvido nas instituições pode ser feito individualmente. Para quem está desempregado, pode ser exemplo de que ser empreendedor está nas mãos de qualquer um”, afirmou.
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