O anúncio foi feito no final da cerimónia de entrega dos Prémios AICA/MC/Millennium BCP relativos a 2015 e 2016, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, na sequência de uma reunião do júri realizada hoje.
De acordo com a Seção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), os prémios, no valor de 10 mil euros para cada modalidade, são atribuídos em parceria com o Ministério da Cultura e a Fundação Millennium BCP.
O prémio é atribuído por um júri independente, nomeado pela AICA.
Nesta edição, o júri foi presidido por Ricardo Carvalho e constituído por Ana Tostões, Catarina Rosendo, João Rodeia e Nuno Crespo que justificou, na ata da reunião, a opção de atribuição às duas criadoras.
No caso de Inês Lobo (na fotografia), o júri referiu que, com este prémio, procurou “destacar o percurso profissional ímpar da premiada, inseparável da respetiva capacidade em montar estratégias que vão da pequena à grande escala, da investigação ao desenho do edifício e da cidade, da qualidade da construção à dimensão social da arquitetura, da transversalidade colaborativa à ação curatorial, situação muito invulgar no panorama da arquitetura contemporânea portuguesa”.
Inês Lobo estabeleceu-se em atelier próprio em 2002, depois de ter colaborado com o arquiteto João Luís Carrilho da Graça, entre 1990 e 1996, e com o arquiteto Pedro Domingos, entre 1996 e 2001.
Formada na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, em 1989, lecionou a disciplina de projeto desde então, sendo atualmente professora convidada no curso de arquitetura, na Universidade Autónoma de Lisboa.
Inês Lobo tem desenvolvido projetos em diferentes áreas de trabalho, desde a construção de equipamentos e habitação à requalificação de edifícios e espaços públicos.
Entre outros projetos, assinou a requalificação da Escola Secundária Dr. Mário Sacramento (2010), em Aveiro, a reutilização da Escola Secundária Joaquim Carvalho (2008/09), na Figueira da Foz, e a reutilização da Escola Secundária Avelar Brotero (2007/08), em Coimbra.
Em 2012, foi comissária geral da representação de Portugal na Bienal de Arquitetura de Veneza, com o projeto “Lisbon Ground”, e, em 2009, participou na representação oficial portuguesa na Bienal Internacional de Arquitetura em São Paulo, no Brasil.
Em 2014, a arquiteta foi distinguida com o Prémio ArcVision — Women and Architecture, um galardão internacional instituído pela multinacional italiana Italcementi Group.
No caso de Fernanda Fragateiro, o prémio decorre de duas exposições realizadas em 2017: “A reserva das coisas no seu estado latente”, na Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, e “Dos arquivos, à matéria, à construção”, no Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa.
“Estes momentos de visibilidade permitiram verificar a enorme coerência do percurso artístico de Fernanda Fragateiro, desde sempre empenhado num questionamento das possibilidades da escultura contemporânea, e na sua articulação com a tradição modernista no tratamento dos materiais e em procedimentos como a serialidade e a modularidade”, considerou o júri.
Acrescenta ainda que “a criação de pontes entre espaços privados e espaços públicos, a constante investigação conceptual sobre momentos-chave do modernismo arquitetónico e artístico, e a vocação nata com que as suas obras dialogam com os espaços em que se instalam, permitem afirmar a plena atualidade e oportunidade da sua obra”, sublinha, na ata.
Nascida em 1962, no Montijo, Fernanda Fragateiro vive e trabalha em Lisboa.
Após a realização de exposições individuais na Alemanha, Reino Unido e Espanha, da participação na Trienal de Arquitetura de Lisboa (2010), e na Dublin Contemporary (2011), o seu trabalho tem vindo a obter cada vez maior destaque na arte contemporânea europeia.
A artista é conhecida pelas suas intervenções escultóricas e arquitetónicas em espaços públicos como mosteiros, orfanatos, muros e casas em ruínas.
O seu trabalho tem sido exibido em museus e centros culturais de todo o mundo, como o Palm Springs Art Museum, nos Estados Unidos, o Palais des Beaux-Arts de Paris, e está representada em coleções como as da Caixa Geral de Depósitos, Fundação de Serralves, Fundação Calouste Gulbenkian, em Portugal, ou na Helga de Alvear, em Espanha.
Em janeiro deste ano, apresentou, em Madrid, uma obra inédita, intitulada “letter, for Anni”, criada depois de vencer o I Prémio Catalina D’Anglade.
Relativamente aos prémios AICA de 2015 e 2016, já anunciados este ano, o Prémio de Artes Visuais 2015 foi entregue a Jorge Queiroz e o Prémio de Arquitetura 2015 ao atelier SAMI, enquanto o Prémio de Artes Visuais 2016 foi para Daniel Blaufuks e o Prémio de Arquitetura 2016 para Célia Gomes e Pedro Machado Costa (a. s* — atelier de santos).
O júri destes prémios foi presidido por Margarida Medeiros e composto por André Tavares, Manuel Costa Cabral, Victor dos Reis e Inês Lobo.
Estes prémios também foram entregues por unanimidade.
Desde 1981 que a atribuição anual dos Prémios AICA tem o apoio da área governativa da Cultura.
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