Licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto, o ilustrador, nascido em 1972, já publicou obras em várias revistas e jornais, já colaborou com editoras como a Planeta, a Leya e a Porto Editora, e foi um dos 65 artistas selecionados para a exposição do Prémio Nacional BIG, patente desde hoje no Palácio Vila Flor, em Guimarães.
Sucessor de João Fazenda, vencedor do Grande Prémio BIG em 2017, e de André Letria, distinguido em 2019, o autor de Braga recebeu um prémio de cinco mil euros e um diploma, por parte da cooperativa cultural Motor e da Câmara Municipal de Guimarães, entidades organizadoras.
A partir das 182 obras selecionadas para a exposição, a organização atribuiu ainda o Prémio BIG Revelação, no valor de mil euros, a Eva Evita, arquiteta e ilustradora que já vencera um prémio de ilustração em porcelana da empresa Vista Alegre, em 2019, e os prémios BIG Aquisição, de 500 euros, a Ana Biscaia, António Jorge Gonçalves, Eduarda Lima, Mariana Rio e Marta Madureira.
Em conformidade com o que se lê no regulamento da bienal, o ilustrador Rui Ramos, presidente da cooperativa Motor, disse à Lusa que as distinções têm o “objetivo de dignificar o papel dos ilustradores no desenvolvimento cultural”, de livros, de revistas e de jornais, de cartazes ou de novos suportes tecnológicos.
As restantes exposições da BIG prolongam-se de 23 de outubro até 31 de dezembro, com o Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG) a receber a obra de Cristina Reis, a quem foi atribuído o Prémio Carreira desta edição da BIG, no valor de 10.000 euros.
No sítio oficial da bienal, a organização justifica a distinção com o “trabalho único nos campos da cenografia e da comunicação gráfica” para o Teatro da Cornucópia, companhia dirigida por Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo entre 1973 e 2016.
“O sucesso da companhia foi o seu sucesso. A inteligência e coerência do repertório multiplicaram-se pelos seus cenários e figurinos”, lê-se.
Rui Ramos realçou que a autora, formada em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, apresentou ao longo da carreira “um processo de trabalho árduo e com qualidade” e também que já era altura de entregar o prémio a uma mulher, depois de homenageados Luís Filipe de Abreu, em 2017, na edição inaugural, e Jorge Silva, em 2019.
Por entender “oportuno afirmar” o papel da mulher, o presidente da cooperativa Motor destacou ainda o lançamento de uma edição de “Os Lusíadas” em que os 10 cantos escritos por Luís Vaz de Camões são ilustrados por 10 autoras o texto é adaptado ao “português contemporâneo” por Rita Marnoto, professora de literatura na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
O edifício-sede da Sociedade Martins Sarmento vai exibir essas obras de ilustração, enquanto o Centro para os Assuntos de Arte e Arquitetura vai apresentar a exposição “Condições Adversas”, de André Letria, também vencedor do Prémio Nacional de Ilustração em 1999 e autor do desenho para o cartaz da terceira edição da BIG.
O programa da bienal inclui também um ciclo de palestras, intitulado “A teia da ilustração”, com três convidados de outras áreas profissionais que mantêm um contacto regular com a ilustração e a banda desenhada, na ‘black box’ do CIAJG.
A jornalista Sara Figueiredo Costa reflete sobre os diálogos entre texto e imagem, a partir da obra das autoras Maria João Worm e Isabel Baraona, em 26 de novembro, o investigador João Ramalho Santos, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, fala sobre a relação entre ciência e arte, em 10 de dezembro, e o músico Sérgio Godinho encerra o ciclo no dia 11 de dezembro.
Numa conversa intitulada “As tantas ilustrações”, agendada para as 15:00, o cantautor e poeta vai falar das suas incursões por esse campo artístico, com o qual contacta desde criança, lê-se na nota disponível no sítio oficial.
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