A edição deste ano, que decorre de 20 a 28 de setembro, no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, coincide com o “ano em que se comemoram vários marcos, nacionais e internacionais, da história dos movimentos que reclamam o lugar das comunidades LGBTI+”, pelo que “não podia deixar de fazer uma reflexão sobre o que significou meio século dos modernos movimentos de luta pelos direitos e dignidade destas mesmas comunidades”, segundo a organização.
“Importa-nos também refletir sobre os recuos a que assistimos nestas últimas décadas, que comunidades mais beneficiaram destas conquistas e que outras se viram postas de lado, vítimas por vezes do preconceito vindo de dentro da própria comunidade queer”, acrescenta.
Os filmes integrados nas competições desta edição põem em destaque “não só as problemáticas específicas ligadas aos indivíduos intersexo, transgénero, e não binários”, mas também a sua presença enquanto fazedores e pensadores de cinema, que “é bastante notória, inclusive entre os convidados que este ano estarão presentes no festival”.
O filme de encerramento será “Skate Kitchen”, de Crystal Moselle, a primeira longa-metragem de ficção da realizadora do documentário “The Wolfpack”, que desenha uma história imbuída da cena skater feminina de Nova Iorque, em que Camille, uma adolescente introvertida, faz amizade com um grupo de raparigas skaters, confrontando-se com os sentimentos românticos que surgem nesta comunidade e com a relação com a sua própria família.
Pelo prémio de longa-metragem, no valor de 1.500 euros, concorrem “And Then We Danced”, de Levan Akin, “Breve Historia del Planeta Verde”, de Santiago Loza, “Carmen y Lola”, de Arantxa Echevarría, “Greta”, do brasileiro Armando Praça, que estará presente em Lisboa para apresentar o filme, “Las Hijas del Fuego”, de Albertina Carri, “Memories of my Body”, de Garin Nugroho, “Port Authority”, de Danielle Lessovitz, e “Sócrates”, de Alexandre Morato.
Ao prémio de curtas-metragens, no valor de 1.000 euros, apresentam-se 22 filmes, entre os quais “The Politics of Choice and the Possibility of Leaving”, de Megan-Leigh Heilig, “Estamos Todos Aqui”, de Chico Santos e Rafael Mellim, “Prisoner of Society”, de Rati Tsiteladze, ou “Floss”, do chinês Popo Fan.
Na competição de documentário, com um prémio de 3.000 euros, atribuído pela RTP2, pela compra dos direitos de exibição do filme, concorrem oito produções: “El Silencio Es un Cuerpo que Cae”, de Agustina Comedi, “Game Girls”, de Alina Skrzeszewska, “Irving Park”, de Panayotis Evangelidis, “Man Made”, de T Cooper, “My War Hero Uncle”, de Shaked Goren, “Ni d'Ève ni d'Adam. Une Histoire Intersexe”, de Floriane Devigne, “One Taxi Ride”, de Mak CK, e “Una Banda de Chicas”, de Marilina Jiménez.
Da competição Queer Art, dedicada a linguagens mais experimentais e com um prémio no valor de 1.000 euros, fazem parte oito filmes, enquanto que na secção In my Shorts, se encontram doze títulos de filmes de estudantes de escolas europeias de cinema, por um prémio de 400 euros em equipamento vídeo.
Este ano, a Queer Pop, secção dedicada à música, apresenta, nas suas duas primeiras sessões, um programa intitulado “Portugal Hoje”.
A primeira sessão é dedicada aos artistas Conan Osíris e Lena d’Água, que em 2019 estiveram em destaque, com a apresentação dos documentários “Conan, O Rapaz do Futuro”, de Daniel Mota, e “Lena d’Água - Nunca Me Fui Embora”, de Hugo Manso e Nuno Galopim.
Uma segunda sessão traz telediscos recentes de alguns dos músicos portugueses do panorama atual que, no seu imaginário, mais têm vindo a explorar todo o espetro queer com humor e audácia, de Filipe Sambado a Capicua, de Moullinex a Luís Severo, passando por Surma ou Isaura.
Para finalizar o Queer Pop, há ainda uma terceira sessão dedicada ao Hip Hop, que se vai focar em Princess Nokia, Mykki Blanco, Big Dipper, e Brooke Candy.
O programa do Queer Lisboa 23 apresenta ainda, nas Hard Nights, “Alfredo não gosta de despedidas", de André Medeiros Martins, bem como os filmes escolhidos pela realizadora Cláudia Varejão, todos eles realizados ou correalizados por mulheres portuguesas: “A torre”, de Salomé Lamas, “Insert”, de Filipa César e Marco Martins, “Paisagem”, de Renata Sancho, “Retrato de inverno de uma paisagem ardida”, de Inês Sapeta Dias, e “Um campo de aviação”, de Joana Pimenta.
O festival apresenta também este ano, para além dos habituais debates e conversas sobre os filmes, um programa paralelo intitulado “Corpos Desejo Paisagens: um arquivo de curtas canadianas LGBTQ 1989-2017”, e uma sessão especial com “Mister Lonely”, de Harmony Korine.
Este ano, o festival apresenta 101 filmes de 36 países, sendo a França e os EUA os mais preponderantes, com 16 filmes cada.
Segue-se o Brasil, que com 12 filmes continua a ser um dos países com mais expressão no Queer Lisboa, e a Alemanha, também com 12 filmes, espalhados pelas várias secções.
Um total de sete filmes compõe a presença portuguesa no Festival.
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