“Enorme alegria que hoje aquece as nossas vidas”, considerou a escritora Fátima Bettencourt ao descrever a decisão, reconhecendo o mérito dos promotores da candidatura e tocadores típicos daquele género musical, enquanto o ator Jorge Martins apontou a “grande notícia” como “mais um passo importantíssimo” para a afirmação da identidade de Cabo Verde.
“A nossa cultura foi merecidamente premiada e os nossos artistas que sempre lutaram para a preservação, promoção e divulgação desta nossa rica tradição, estão todos de parabéns! Viva a morna!”, escreveu o ator.
O género musical morna deverá ser classificado como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, anunciou o ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente, aludindo à decisão a ratificar em dezembro.
"Caros cabo-verdianos, tenho a sorte, a honra e o privilégio de vos comunicar que hoje o comité técnico dos peritos da UNESCO aprovou o dossiê da morna a Património da Humanidade", revelou Abraão Vicente, na noite de quinta-feira, na sua página pessoal no Facebook.
Na mensagem nesta rede social, o ministro adiantou que “a decisão será ratificada em dezembro”, na Colômbia, “mas a nação já pode celebrar: a morna já é Património da Humanidade".
Igualmente comentando este anúncio, o linguista cabo-verdiano Manuel Veiga, ex-ministro da Cultura de Cabo Verde (2004 a 2010), destacou que a morna é uma das “maiores riquezas” da cultura do país.
“Parabéns aos compositores, aos intérpretes, ao Ministério da Cultura e ao povo de Cabo Verde. Uma palavra e apreço e de reconhecimento à equipa que trabalhou no dossiê”, escreveu Manuel Veiga.
O poeta Filinto Elísio Silva recordou que a “intenção da proposta foi esboçada pelo anterior Governo de Cabo Verde”, tendo sido formalizada em março de 2018 pelo atual executivo.
“Parabéns ao Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas pela excelente realização, bem como toda a equipa técnica envolvida. É uma vitória de Cabo Verde, uma glória para todos os cabo-verdianos, espalhados em todas as ilhas e irradiados pelas diferentes comunidades diaspóricas, assim como para todos quantos amantes e cultores do cancioneiro cabo-verdiano. Viva a morna...agora tesouro da Humanidade!”, descreveu.
A notícia não passou ao lado dos comentários dos jornalistas, como Valdir Alves, que aponta a necessidade de Cabo Verde saber “tirar os devidos proveitos” dos “ganhos” desta classificação da UNESCO, enquanto Marco Rocha preferiu elogiar “os grandes mestres da morna” como destaque deste passo com vista à classificação.
Já o vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, recorreu às redes sociais para afirmar que hoje é “dia de celebrar”, enquanto se aguarda uma declaração oficial do Governo, que será feita hoje à tarde pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, em Lisboa, onde se encontra em visita oficial.
A advogada e cantora cabo-verdiana Ariana Ribeiro recordou que em 2018 a Ordem dos Advogados de Cabo Verde levou a morna a centenas de advogados de 40 nacionalidades diferentes, na cidade do Porto. O grupo foi então constituído por três músicos, sob a orientação de Rolando Semedo e pela própria advogada Ariana Martins Ribeiro como cantora: “Enquanto intérprete sinto-me honrada em ter dado o meu contributo para este grande feito”, escreveu a advogada e cantora de morna.
Cabo Verde apresentou em março do ano passado a candidatura da morna a Património Imaterial da Humanidade, cuja decisão pública deverá ser conhecida entre 09 e 14 de dezembro, em Bogotá, Colômbia, durante a reunião do Comité do Património Cultural Imaterial da UNESCO.
O dossiê cabo-verdiano contou com colaboração do antropólogo Paulo Lima, especialista português na elaboração de processos de candidatura a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, como o fado, o cante alentejano e a arte chocalheira.
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