Como tem sido anunciado nos últimos meses, já se sabe que a união da infanta portuguesa, terceira na linha de sucessão e portadora do título nobiliárquico Duquesa de Coimbra, com Duarte de Sousa Araújo Martins, acontece este sábado, dia 7 de outubro, pelas 15h00 na Basílica do Palácio de Mafra, e que nesse dia, juntamente com todo o palácio, estará encerrada ao público por razões de segurança.
Como detalhes extra, já se sabe que haverá uma Festa Popular organizada pela Real Associação de Lisboa, no Terreiro em frente da Basílica, e quem quiser acompanhar a cerimónia fora da igreja poderá fazê-lo através da televisão, com transmissão da cerimónia na TVI, ou nos dois ecrãs gigantes na praça mafrense.
Sabe-se ainda que estão convidadas 1.200 pessoas, segundo a Real Associação de Lisboa, que incluem membros de famílias reais estrangeiras e figuras relevantes do panorama político e social.
Convidados confirmados estão já o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, bem como os presidentes das câmaras de Lisboa, Carlos Moedas, da Figueira da Foz, Santana Lopes, entre outros autarcas.
Além destes, estará também presente o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, que já várias vezes se assumiu monárquico, e os antigos governantes Passos Coelho, Paulo Portas e Durão Barroso.
O primeiro-ministro também terá sido convidado, mas não estará presente por motivos de agenda, visto que acontece nesse dia o Conselho de Ministros, onde será ultimada a proposta do Orçamento do Estado.
Mas no meio de toda esta festa e celebração monárquica, o que será que significa um acontecimento como este numa república centenária?
Em entrevista ao SAPO24, Alberto Miranda, especialista em famílias reais, e autor dos livros "As dez monarquias da Europa" e "Isabel II Rainha e Mulher", sublinha que: "Para perceber este tipo de evento temos de olhar para trás e perceber o significado que teve o casamento dos pais da Infanta, os Duques de Bragança, em 1995".
As monarquias trazem uma onda do fascínio e do sonho, que atinge uma dimensão diferente neste tipo de eventos.Alberto Miranda
"Foi uma autêntica festa popular. Quem viu sabe que o exterior dos Jerónimos estava apinhado de gente e de repente o nosso pacato Portugal, que não estava habituado a festas de realeza, só na televisão com os casamentos estrangeiros, como a memória do casamento da princesa Diana, teve uma festa que trouxe milhares de pessoas às ruas, bem como convidados estrangeiros reais", acrescenta.
Admite, porém, que "este clima de festa pode causar alguma perplexidade, pelo facto de nós sermos uma república".
Recordando o casamento dos pais da Infanta, D. Duarte Pio de Bragança e Isabel de Herédia, Miranda lembra o clima em que na altura se gritou em Lisboa “Viva o Rei”, algo que faz lembrar uma monarquia deixada no passado, mas que na opinião do especialista é "algo mais transversal, porque as monarquias trazem uma onda do fascínio e do sonho, que atinge uma dimensão diferente neste tipo de eventos".
Depois do casamento dos atuais duques de Bragança, este "clima de festa que se viu foi repetido com o nascimento dos filhos. Os nascimentos dos filhos foram notícia nos telejornais e os três batizados dos infantes também foram autênticas festas populares", diz.
"Logo com o batizado do primeiro filho, D. Afonso, príncipe da Beira, em 1996, em Braga, estiveram milhares de pessoas nas ruas a gritar 'Viva o Rei' e a aplaudir os convidados estrangeiros que estiveram cá na altura. Entre os soberanos estrangeiros esteve cá o atual soberano do Liechtenstein, Hans-Adam II, e quando ele entrou as pessoas deliraram por estar a ver um príncipe estrangeiro. Depois o batizado da Infanta em Vila Viçosa também foi semelhante, a que se seguiu o de D. Dinis, no Porto", recorda.
Mas porque se deslocam as pessoas para assistir a este tipo de eventos num regime republicano? A esta questão o especialista responde que "a família de Bragança, no fundo, encarna as tradições portuguesas, os valores da monarquia, da família como espírito de representação e de estar ao serviço dos demais", e por esse motivo as pessoas querem vê-los e participar na sua vida.
O interesse na monarquia
A complexidade do mundo monárquico hoje em dia é evidente na quantidade de reais associações, movimentos, juventudes e partidos que existem um pouco por todo pais.
Igualmente em entrevista ao SAPO24, a professora universitária Aline Gallasch-Hall de Beuvink, que também é vice-presidente do PPM (Partido Popular Monárquico) e vogal da Real Associação de Lisboa, esclarece que em Portugal a importância para as pessoas do mundo monárquico é bem visível, desde logo no "interesse que as pessoas têm em monumentos que dizem respeito ao tempo da monarquia, como o Palácio da Pena, o Palácio da Ajuda, que ainda está decorado como a Rainha D. Maria Pia e o Rei D.Luis I viveram, todos estes sítios são muito mais visitados do que o Museu da Presidência".
Quando a república começou o povo não era republicano.Aline Gallasch-Hall de Beuvink
Sobre a existência de valores monárquicos num país maioritariamente republicano, sublinha que a garantia de uma república pode não ser tão evidente como parece: "Quando a república começou o povo não era republicano. A república era o ideal de alguns intelectuais, e mesmo quem simpatizou com a ideia rapidamente começou a não gostar, ao observar as desgraças da primeira república. Por isso não se pode dizer que a república está plenamente instituída em Portugal".
Destaca ainda um tema que divide opiniões entre os apoiantes da monarquia e historiadores, que está relacionado com D. Pedro e D. Miguel, os protagonistas das lutas liberais e absolutistas.
"200 anos depois ainda existem pessoas que dizem que D. Pedro foi um rei traidor, porque, apesar dele ter, de forma muito inteligente, percebido que a continuidade da monarquia só poderia passar pelo liberalismo e pela constituição, D. Miguel era alguém amado pelo povo, ao contrário de D. Pedro, que era visto como um rei da elite intelectual da época", refere.
"A popularidade é aqui um fator muito importante. E o povo português gosta de estabilidade, pode não admitir, ou não saber, mas só a monarquia oferece uma estabilidade que os portugueses desejam. Não é por acaso que os nossos presidentes da República são sempre reeleitos, porque uma coisa é o governo, outra coisa é o chefe de Estado, e a nossa forma de chefia de Estado está decalcada da monarquia constitucional, porque é o modelo que mais funciona em Portugal e o povo assim se identifica. Quanto mais próximo da sociedade, numa leitura de rei, um presidente se colocar, mais popular ele se torna", aponta.
Também sobre o interesse das pessoas na monarquia e o papel que representa no Portugal atual, Alberto Miranda refere que "existem reais associações de norte a sul do país e estas reais associações estão ao serviço deste ideal da monarquia".
"E não deixa de ser curioso que no casamento do Duque de Bragança, no Mosteiro dos Jerónimos, Mário Soares esteve presente, como o nosso atual presidente Marcelo Rebelo de Sousa também estará agora. O que mostra que existe uma convivência saudável entre estas duas instituições", sublinha.
Dá ainda o exemplo: "para mostrar que não há rancor no que diz respeito a estas duas instituições, veja-se que quando D. Manuel II vai exilado para Inglaterra e já sem poder voltar a Portugal, deixa em testamento que os bens privados dele, que são vários e ainda hoje existem, deviam ser dados ao Estado português, bens esses que agora estão a cargo da Fundação Casa de Bragança."
"Parte desta Fundação inclui bens como o Paço Real de Vila Viçosa, o Castelo de Vila Viçosa, as propriedades privadas do Alentejo, o Museu Soares dos Reis, no Porto, que não era museu na altura, porque era o Palácio das Carrancas, e que foi mais um bem privado deixado pelo último rei", explica.
"Ele pensou nas gerações vindouras, porque não tinha herdeiros, e por isso deixou ao Estado, para usufruto do Estado. É este o papel da monarquia, pensar nas gerações vindouras e no bem comum na transmissão dos valores", diz.
Acrescenta ainda que "estas heranças são partes da história. A própria mãe de D. Manuel II, que sobreviveu ao filho e que foi também obrigada a ir para o exílio e que adorava Sintra e o Palácio da Pena, quando morre deixa em testamento que certos objetos que tinha levado quando saíram de Portugal devem regressar ao Palácio em Sintra, porque era a casa favorita dela em Portugal. Sublinho: isto era uma mulher que estava a devolver coisas ao país que a expulsou e que lhe matou o filho e o marido, mas mesmo assim tem esta generosidade de alma de pensar em Portugal e é com este exemplo que vive a atual família real".
Um casamento de "Estado"
Ainda no que diz respeito à importância da família, Aline recorda também o casamento dos pais da infanta e o papel um pouco "ridicularizado" que D. Duarte tinha na imprensa mais séria e política da altura. "A elite da época e o mundo jornalístico tentavam tratar D. Duarte de uma forma um pouco ridicularizada, e era muitas vezes gozado pelas redações, que são na sua maioria republicanas", sublinha.
Mário Soares percebeu que D. Duarte era acarinhado pelas pessoas e marcou inclusivamente presença no casamento.Aline Gallasch-Hall de Beuvink
Porém, destaca que "a certa altura alguém percebeu que D. Duarte tinha enorme importância, não para a república nem para a política, mas para o povo. E essa pessoa foi o antigo presidente da República Mário Soares, que percebeu que D. Duarte era acarinhado pelas pessoas e marcou inclusivamente presença no casamento".
"Depois de considerar estar no casamento, teve inclusivamente a oportunidade de perceber que esta celebração tinha de ser tratada como um casamento de Estado. E foi o que mais próximo de um casamento de Estado existiu até aos dias de hoje. Foi uma onda de amor junto do povo, de alegria, eram centenas de pessoas na rua para ver a senhora D. Isabel a entrar na Igreja", reforça.
"Nunca mais se viu manifestação deste tipo. Nem no funeral do presidente Mário Soares, nem agora mais recentemente no funeral de Jorge Sampaio. Em nenhum momento aconteceu uma manifestação deste tipo. Só é comparável com quando um dos três grandes ganha um campeonato de futebol, mas em termos de Estado nunca aconteceu isto com nenhum representante da chefia atual portuguesa", realça.
Exemplifica ainda que numa manifestação partidária, também existam grandes movimentações por uma só causa, "mas aí os partidos chamam as pessoas e é algo fabricado. Neste caso é autêntico, as pessoas queriam estar presentes para participar num momento histórico".
As pessoas olham para a monarquia como uma coisa da aristocracia, mas os aristocratas são, muitas vezes, os primeiros inimigos do rei.Aline Gallasch-Hall de Beuvink
Sobre esta temática, Miranda salienta os valores de D. Duarte no que diz respeito ao "serviço e trabalhar para os demais", que muitas vezes não é do conhecimento público.
D. Duarte, por exemplo, viu ser-lhe atribuído o prémio do Duque de Edimburgo, um programa de atividades que pode ser realizado por qualquer pessoa entre os 14 e os 25 anos de idade, que foi trazido para Portugal pelo próprio D. Duarte em 1988 e que em Portugal e na Lusofonia se designa por Prémio Infante D. Henrique, explicou o especialista.
"Ou seja, eles têm várias atividades que abraçam a pensar na ajuda aos mais necessitados e nos valores de Portugal, nas tradições", salienta.
Ainda nos valores do duque, Aline destaca o "importantíssimo papel nas comunidades da CPLP, que é algo que foge à imprensa".
Este fenómeno observa-se, segundo a professora universitária, no facto de "neste momento D. Duarte ser uma figura diplomática muito importante. Veja-se o exemplo da independência de Timor. D. Duarte é tão importante para os timorenses que inclusivamente lhe ofereceram a cidadania, bem como ao príncipe da Beira, D. Afonso. Isto porque olham para a família real portuguesa como um dos deles, porque sabem quanto devem ao senhor D. Duarte a sua independência a nível diplomático".
Neste ponto, realça que "Portugal abandonou totalmente Timor antes da independência e esta família nunca os abandonou, tentando sempre estar do lado deles. Nos anos 70 ninguém falava em Timor, mas D. Duarte esteve com eles e fez aquilo que um chefe de Estado deve fazer, e esteve acima das questões políticas junto do povo, que é o que os monarcas fazem".
"As pessoas olham para a monarquia como uma coisa da aristocracia, mas os aristocratas são, muitas vezes, os primeiros inimigos do rei, a traição normalmente vem dos pares. Em Portugal, o rei era inclusivamente aclamado pelo povo em cortes, que é uma coisa que muitas vezes não se fala no que diz respeito ao apoio", detalha.
"Para se ver a importância de Timor, a Infanta foi pedida em casamento em Timor e vai casar no dia de Nossa Senhora do Ramelau, uma referência de Timor, além de ser o dia da Nossa Senhora do Rosário, uma referência para Portugal", diz.
Além da diplomacia, salienta também que "toda a família faz muita caridade e secretamente sem dar nas vistas. Não são bandeiras, são por bem. Os verdadeiros voluntários não andam com um cartaz a dizer que o estão a fazer, até por respeito a quem ajudam. Fazem por bem e não para ser vistos".
Acrescenta ainda que o casamento pode ser um momento para exaltar o peso político dos eventos deste género. "O peso é diferente do peso que terá o casamento do irmão, mesmo não sendo uma casa real reinante". Lamenta, no entanto, que a "república podia aproveitar esta oportunidade para construir amizades com outros países, de uma forma mais simpática e menos impositiva, porque é uma festa e não uma visita de Estado".
"Podem ser convidados outros chefes de Estado ou figuras importantes no xadrez político, que Portugal podia aproveitar. A família vai convidar familiares e amigos, primos, mas o Estado podia fazer convites de Estado e isso é uma oportunidade perdida", aponta.
Os detalhes do casamento
Numa perspetiva mais protocolar sobre os detalhes da cerimónia, o especialista em realeza destaca que o objetivo é ser "uma festa simples com dignidade".
Espera-se um encontro de cabeças coroadas.Alberto Miranda
Vai ainda contar com a presença de casas reais estrangeiras. Entre estas, já estão confirmados o príncipe Louis e o príncipe Sébastien do Luxemburgo, de acordo com o meio local Contacto.
"Não nos podemos esquecer que D. Duarte é primo de meia realeza pelo lado da mãe e do pai. A mãe era princesa brasileira, Orléans e Bragança, diretamente ligada à família portuguesa e francesa. E do lado do pai, está ligado às famílias alemãs, por exemplo. Lembra-se que várias infantas filhas de D. Miguel casaram-se com grandes casas reais da Europa".
"Ou seja, a família de Bragança está espalhada por toda a realeza da Europa. Por exemplo, no Luxemburgo, com o atual Grão-Duque a ser descendente de D. Miguel, no Liechtenstein, na Baviera, na Bélgica, em Itália, entre outras famílias. Podemos esperar que alguns venham. Devem vir muitos primos de D. Duarte e espera-se um encontro de cabeças coroadas", revelou Alberto Miranda.
Já sobre os procedimentos protocolares, adianta-se que este casamento não será uma oportunidade para ver tiaras, tendo em conta a hora em que acontece. "De tarde não há coroas nem tiaras, não é esse o dress code. Neste tipo de eventos, o dress code é fraque para os homens e cocktail para as mulheres, ou seja, vestido curto com chapéu", sublinha o especialista.
"A primeira vez que se viu a Maria Francisca com uma tiara foi no casamento de Jorge da Rússia, e levou uma peça nova feita só para ela. Mas desta vez não será assim", revela, sendo que já foi avançado pelo Observador que a infanta levará uma tiara que pertencia à Rainha D. Amélia, e que irá usar dois vestidos da autora portuguesa Luzia do Nascimento.
Vão oferecer um bolo à população que estiver a assistir como forma de agradecimento.Aline Gallasch-Hall de Beuvink
A professora universitária acrescenta ainda que "Mafra foi escolhida por todas as ligações e mais alguma do nome Bragança ao local. Este vai ser o primeiro casamento real em Mafra. A cerimónia mais semelhante foi com a filha de D. João VI, que foi batizada neste local. Tirando isso, este será o primeiro casamento real, além das missas com D. João V, também provavelmente eventos bastante imponentes".
Adianta também que "neste casamento, vão haver paramentos do tempo de D. João V que vão ser utilizados, existe toda uma componente simbólica muito interessante e é nestes momentos que podemos ver o peso histórico que esta família tem".
"Este é um exemplo que estas pessoas não são só eles próprios, são toda uma instituição e a sua continuidade que representam num país, neste caso Portugal", afirma.
Conta também que depois do casamento os noivos "vão oferecer um bolo à população que estiver a assistir, como forma de agradecimento", sendo o primeiro ato que vão realizar.
Ainda sobre o protocolo, Miranda avança que se vai observar em primeiro lugar a entrada da família real na Igreja e depois a entrada dos convidados por ordem de precedência. No fim, virá a noiva acompanhada pelo pai, D. Duarte.
"Normalmente neste tipo de eventos o último convidado mais importante a entrar antes da noiva é o presidente, Marcelo Rebelo de Sousa", destaca.
A noiva
Sobre a noiva, o especialista em famílias reais revela que estudou Comunicação Social e Cultural na Universidade Católica, e que trabalhava numa agência de comunicação, emprego que entretanto abandonou para se juntar ao marido em Londres depois do casamento.
Pessoalmente, "Francisca herdou o título do tio, D. Henrique, Duque de Coimbra. Isto porque em Portugal, D. Duarte é a única pessoa que pode dar títulos e fez isso com os filhos", destaca.
"A Maria Francisca e os irmãos nasceram todos infantes, mas quando o irmão do duque morreu, D. Duarte ofereceu à filha o título de duquesa de Coimbra, apesar de continuar a ser a terceira na linha de sucessão, porque em Portugal vigora a lei sálica, que exclui as mulheres da linha de sucessão ou dá prioridade aos homens", explica.
Do ponto de vista da personalidade, Alberto Miranda diz que sabe que "é discreta, mas os amigos descrevem-na como muito divertida".
Já Aline, que conhece pessoalmente a família, caracteriza-a como "uma pessoa muito ligada ao ambiente, faz ioga, anda de sapatilhas, uma pessoa normal, muito dada aos outros".
Ser monárquico na atualidade
Mais do ponto de vista do movimento político, e enquanto membro do PPM, Aline sublinha que principalmente a partir do casamento, em 1995, "os portugueses perceberam que também tinham uma família real, algo que não acontecia desde o 25 de abril".
Na altura, recorda, "havia três infantes que resumiam aquilo que existia de família, o arquiteto Ribeiro Teles como referência e o Miguel Esteves Cardoso, uma figura do PPM que esteve quase no Parlamento Europeu. De resto, a população desconhecia as outras figuras intelectuais de proa amantes da monarquia".
Várias pessoas são monárquicas mas não admitem, porque têm vergonha e medo de serem prejudicadas.Aline Gallasch-Hall de Beuvink
Observa ainda que, "por vezes, para glorificar a república é necessário dizer mal da monarquia", uma realidade que testemunha em primeira mão como vice-Presidente do PPM em campanhas políticas, onde denuncia terem "menos espaço que os outros partidos sem assento parlamentar, independentemente dos bons programas".
"Nunca se faz um acompanhamento como com outros partidos. Por exemplo, quando o PAN e o Livre começaram tinham muito mais cobertura do que qualquer outro partido político sem assento, o que não é justo e é desonesto. Muitas vezes não cobriam as nossas atividades, nem sequer a RTP, e por isso existia um cancelamento por termos 'Monárquico' no nome", critica.
Sobre ser monárquico atualmente, diz já ter conhecido "várias pessoas que são monárquicas mas não admitem, porque têm vergonha e medo de serem prejudicadas". Porém, na maior parte das vezes, "acham piada e querem saber as razões e promove-se o debate, a conversa".
Lamenta ainda em termos pessoais já ter tido "problemas a nível profissional por dizer publicamente que sou monárquica. Não no meu local de trabalho atual, mas no passado já fui discriminada por ser monárquica". Salienta ainda os "comentários mais inconvenientes" que recebe quando está mais ativa politicamente.
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