Este espaço destinado à investigação e experimentação no universo da imagem documental, enquanto modelo de comunicação do conhecimento científico, foi criado em 2011, tendo já realizado sete edições do curso de formação em ilustração científica.
“É um curso muito exigente. São quase 1.700 horas de formação, com 10 disciplinas distribuídas pelos dois semestres”, disse à Lusa Fernando Correia, diretor do laboratório que já ajudou a formar cerca de uma centena de ilustradores científicos.
Segundo o mesmo responsável, o curso tem vindo a ser cada vez mais procurado por alunos estrangeiros, nomeadamente de Espanha, Itália, França, Eslovénia, Brasil, Colômbia e Uruguai.
Fernando Correia, que foi também responsável pela criação do curso, mostra-se satisfeito por saber que estão a criar “missionários” que irão “transportar os ensinamentos para outros países e ensinar a fazer Ilustração científica como deve ser”.
“Eles vão aprender o máximo que puderem e, provavelmente, vão regressar aos países de origem e vão criar a sua própria escola ou vão estar mais habilitadas para corresponder àquilo que é a demanda no próprio pais de origem”, adiantou o biólogo e ilustrador científico.
Esta atividade, que nos últimos anos tem renascido em força em Portugal, ajuda os cientistas a disseminarem, divulgarem e promoverem o conhecimento científico.
“Procuramos que as pessoas quando se apercebem da imagem sintam curiosidade em explorá-la, ou seja, que tenham vontade de aprender o que está lá”, disse Fernando Correia, mostrando várias ilustrações num manual escolar que foram produzidas por si e por antigos alunos.
Estes trabalhos chamam a atenção pelos traços realistas, constituindo autênticas obras de arte, mas Fernando Correia entende que os ilustradores científicos não são artistas, apesar de usarem materiais e técnicas das artes plásticas.
“Em vez de uma pipeta utilizamos um pincel, em vez de um medidor de PH somos capazes de utilizar lápis de cor. Aqui na nossa escola defendemos que a ilustração científica é ciência visual e, como tal, somos mais cientistas do que artistas”, afirma, admitindo, contudo, que a questão “suscita algumas querelas”.
Costuma dizer aos seus alunos do Curso de Formação em Ilustração Científica da Universidade de Aveiro que todos já fizeram ilustração científica: “Quem fez um gráfico com um x e um y, que tem dois eixos e uma curva, fez ilustração científica. Com três linhas conseguimos inferir ali conhecimento científico, mesmo que seja a forma mais estéril de ilustração científica”.
O gosto pelo desenho e pela biologia foi o que levou Marta Costa, de 22 anos, a inscrever-se no curso de ilustração científica. “Sempre adorei desenhar – nas aulas, em todo o lado, estava sempre a desenhar – mas por outro lado amo biologia e não sabia que era possível juntar as duas coisas”.
Mais tarde, descobriu que poderia juntar os dois interesses quando conheceu uma professora no secundário que lhe falou neste curso. “Achei que era tudo o que eu queria”, disse a aluna que está ainda a frequentar o último ano da licenciatura de Biologia.
Já a arquiteta paisagista Ana Castro, de 33 anos, decidiu fazer este curso para aprofundar a parte do desenho, relacionada com a ilustração botânica.
“Isto vai permitir criar as minhas próprias bibliotecas de árvores para usar nos meus projetos”, afirmou.
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