Com texto e encenação de Jorge Andrade, esta versão contemporânea estreia a 31 de outubro, em Valença, propondo uma reflexão sobre poder, persuasão e liberdade, numa abordagem que convida o público para uma viagem visual e sonora, fundindo teatro, dança e música.

Após a apresentação em Valença, a peça segue em digressão até dia 1 de dezembro por Vila Nova de Cerveira, Melgaço, Paredes de Coura e Monção.

O tom desta encenação é a comédia, mas o tema central é sério e muito atual. Na peça "As Aves", Aristófanes transporta o público para uma fábula política que, apesar de datada da Grécia Antiga, mantém sua relevância nos dias de hoje, trazendo ao palco uma reflexão crítica sobre a sociedade, refere a organização em comunicado.

"A história segue dois homens, que abandonam Atenas em busca de uma vida melhor. Acreditam que um homem, transformado em ave e capaz de voar e observar o mundo de cima, poderá guiá-los. Um desses homens é Pistetero. Ao descobrir a forma como as aves vivem, Pistetero decide que quer partilhar esse estilo de vida e, com a sua capacidade de persuasão, convence-as a fundar uma cidade onde se preserve a harmonia da vida das aves. As aves, inicialmente desconfiadas dos humanos, acabam por sucumbir à sua retórica, a ponto de o reverenciarem como um deus. Capaz de encantar as multidões, Pistetero instala-se como líder absoluto", diz a sinopse.

Esta adaptação de 'As Aves' traz a palco uma história povoada por pássaros, humanos e deuses, onde as palavras, quando bem ditas, soam como melodias que encantam e seduzem.

A partir do texto daquele que é considerado o maior representante da comédia antiga, a peça, que conta com interpretação de Cecília Matos Manuel, Cheila Pereira, David Pereira Bastos, Luís Filipe Silva, Maria Jorge, Pedro Moldão, Sara Costa e Tiago Barbosa, questiona assim o poder das palavras mostrando como a persuasão pode moldar a realidade e transformar uma utopia num regime de controlo. Pistetero torna-se o símbolo de como a retórica pode elevar, mas também subjugar.

Os figurinos, assinados por José Capela, são uma extensão da própria metamorfose cénica, simbolizando a fusão entre o humano e o não-humano. Cada peça de vestuário é uma obra viva, traduzindo o imaginário das aves em movimento. O cenário, pensado como um espaço de utopia, transporta a cidade imaginária de Aristófanes para o presente, questionando as ambições e os excessos da sociedade contemporânea.

Esta primeira apresentação é na sede do Rancho de Friestas, em Valença com entrada livre sujeita à lotação da sala.

Depois da estreia em Valença, 'As Aves' voam para uma digressão até 1 de dezembro pelos cinco municípios que integram o projeto Comédias do Minho: Valença, Vila Nova de Cerveira, Melgaço, Paredes de Coura e Monção.