Foi o senhor dos serões do período de confinamento, tendo juntado mais de 170 mil pessoas na última emissão (podemos chamar-lhe assim) do "Como é que o Bicho Mexe". Antes, em fevereiro, já tinha esgotado (perto de 18 mil pessoas) a Altice Arena com a despedida de "Depois do Medo", algo inédito para um espetáculo de stand-up comedy. Hoje, sobe ao palco do Campo Pequeno, em Lisboa, e volta a dividir palco com Manuela Azevedo (e não só) para apenas cerca de 2 mil pessoas. Falamos de Bruno Nogueira e do 'seu' "Deixem o Pimba em Paz".
Tudo começou com um par de datas, em setembro de 2013, no Teatro São Luiz, em Lisboa, pela mão do humorista e da voz dos Clã, e desde então, nunca mais se deixou o pimba em paz. Percorreu o país, foi editado em disco, alargou universo das suas canções e convidados, e chegou aos palcos das comunidades portuguesas, como a celebração do Dia de Portugal, em Newark, nos Estados Unidos, em 2017.
O espetáculo é uma ideia original de Bruno Nogueira e conta com a direção musical de Filipe Melo e produção de Nuno Rafael. Além do grupo que dá corpo a "Deixem o Pimba em Paz", os espetáculos desta segunda e terça-feira terão como convidados Salvador Sobral e Samuel Úria. Ouvir-se-ão os sucessos de Quim Barreiros, Ágata, Marante ou Marco Paulo, com uma nova roupagem e com "arranjos de jazz e pop onde eles eram pouco prováveis".
A primeira data esgotou em 11 minutos. Anunciada a segunda, ao final da tarde já não havia bilhetes.
"Dar o exemplo"
E se o público quer sair e brincadeira, eles pimba, eles pimba. E se se quer recuperar a confiança e ter tudo à maneira, eles pimba, eles pimba.
Eles são a Everything is New, a Força de Produção, o Campo Pequeno e a Audiomatrix. Uma task force que, na (re)abertura das salas ao seu público, levará ao palco do Campo Pequeno, em Lisboa, o espetáculo "Deixem o Pimba em Paz".
Sandra Faria, responsável pela Força de Produção, uma das produtoras envolvidas, diz que esta resposta do público foi "muito gratificante"e "um bom sinal" de arranque.
A rapidez a esgotar foi quase tanta como a meter o evento "de pé". Desde o momento em que tiveram conhecimento das primeiras regras para a realização de espetáculos, conhecidas na passada quarta-feira, "foi tudo muito rápido".
Com capacidade reduzida para "cerca de duas mil pessoas", cumprindo as regras já publicadas, e apenas com a plateia sentada aberta, os bilhetes foram colocados à venda a um "preço simbólico" — 5 euros a primeira data, 10 euros a segunda.
Não nos esqueçamos que este setor que vive, maioritariamente, da bilheteira e não é preciso fazer muitas contas para perceber que a receita, como valor dos bilhetes, será simbólica.
"Ninguém está a receber os seus cachets habituais e vamos dividir o dinheiro por todos. Temos de nos adaptar, é um esforço para voltar ao trabalho", diz-nos Santa Faria. "Serve para mostrar que é preciso que o setor volte ao trabalho, as salas abram e os promotores apresentem espetáculos", acrescentou.
A visão é partilhada com Álvaro Covões, proprietário da Everything is New, para quem a decisão de "começar a trabalhar logo desde o primeiro dia" serve também para "dar o exemplo".
Os promotores querem passar a mensagem, ao público e "a quem depende de nós", de que "em segurança, podem organizar-se espetáculos e garantir trabalho".
Conseguiu bilhetes? Eis o que precisa de saber
Para que o evento se realize, e em segurança, há regras que têm de ser cumpridas. Voltar às salas não vai ser, para já, como temos memória. Novos hábitos vão entrar na rotina dos espetadores e promotores, conforme indicações da Direção-Geral da Saúde.
O uso de máscara será obrigatório e a circulação dentro do Campo Pequeno será condicionada — os corredores de entrada e saída não serão os mesmos (a regra aplica-se a todas as salas). Além disso, as portas abrem uma hora mais cedo e não haverá intervalo.
As condições para a reabertura das salas de espetáculo e espetáculos ao ar livre, divulgadas na quarta-feira pelo Ministério da Cultura, exigem ainda lugares marcados.
A cúpula do Campo Pequeno estará aberta, pelo que é recomendado que leve um casaco ou outro tipo de agasalho (a meteorologia indica noites mais frescas do que as da última semana).
Nem todas as salas já têm programação
A sala lisboeta no coração das Avenidas Novas tem ainda mais um espetáculo marcado para a primeira semana de junho, igualmente com selo da promotora Everything is New. Dino D'Santiago apresentará o seu novo álbum, "Kriola", a 6 de junho (bilhetes ainda à venda, com preços a variar entre os 5 euros e os 10 euros).
A retoma não terá, no entanto, o mesmo ritmo em todos os espaços culturais. São poucas as salas de espetáculos e cinemas que já anunciaram como vão retomar a atividade e o que vão programar. A agência Lusa fez um apanhado de algumas (Theatro Circo, em Braga, pavilhão Rosa Mota, no Porto, ou CCB, em Lisboa) com o testemunho dos seus programadores. Se uns se encontram a finalizar a agenda para as próximas semanas outros aguardam que as medidas sejam aliviadas.
Em Aveiro, a 6 de junho, António Zambujo sobe ao palco do Teatro Aveirense. Os bilhetes, de acordo com a organização, foram colocados à venda por um "valor especial" de 10 euros.
A reabertura do Coliseu de Lisboa, em 13 de junho, será marcada com um espetáculo de Pierre Aderne e dos músicos da Rua da Pretas, com músicos e espetadores em palco, “com uma lotação muito reduzida”. A Barraca, também em Lisboa, terá os primeiros espetáculos nos dias 5 e 6 de junho, uma iniciativa que reúne música, texto e poesia do poeta e dramaturgo andaluz Federico García Lorca.
A Casa da Música, no Porto, também abre as portas esta segunda-feira para um concerto da Orquestra Barooca, com "uma redução drástica" de 85% da lotação da sala, que pode acolher 1200 pessoas, mas apenas receberá 200. A Orquestra Jazz Matosinhos também celebra o regresso à atividade com um concerto da sua big band em casa, ou seja na Real Vinícola, às 19h00 de segunda-feira entrada livre).
Da rede de exibição cinematográfica, os cinemas Ideal (Lisboa) e Trindade (Porto) já tinham anunciado a reabertura de portas na segunda-feira, com programação, mas o mesmo não aconteceu ainda com as exibidoras que detêm grande parte do mercado de exibição, como a NOS Cinemas, a Cineplace ou a UCI.
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