No dia 10 de março, Dulce Pontes vai apresentar o novo álbum, em concerto, no Teatro TivoliBBVA, em Lisboa.
O primeiro CD do novo álbum, intitulado “Nudez”, abre com “Meu Amor sem Aranjuez”, uma letra de Dulce Pontes para a conhecida composição de Joaquín Rodrigo (1901-1999), e inclui “Grândola Vila Morena”, de José Afonso (1929-1987), e "Bailados do Minho", também da cantora, com música de Artur Paredes (1899-1980).
Este CD totaliza 11 temas, sete deles com autoria, letra ou música, de Dulce Pontes.
“O primeiro CD é construído a partir da austeridade. Dulce Pontes passa de pianista a percussionista, tocando tambores, ‘djembes’, garrafas e tudo o que possa percutir”, afirma Maxi La Peña, num texto enviado à agência Lusa de apresentação do disco, no qual realça a abertura, com a orquestra Roma Sinfonietta, “numa adaptação fadista do ‘Concerto de Aranjuez’, de Joaquín Rodrigo”.
“Nunca tinha ouvido uma guitarra portuguesa como instrumento solista nesta peça universal, para a qual Dulce Pontes escreveu um belo poema”, salienta La Peña.
Sobre o fado "Grito" (Amália Rodrigues/Carlos Gonçalves), o jornalista espanhol, especialista na área de música, realça o “registo fortemente emocional” de Dulce Pontes que se acompanha ao piano, contando com Marta Pereira da Costa, na guitarra portuguesa.
Refira-se que Dulce Pontes fez parte do leque de convidados da guitarrista no seu álbum de estreia, editado em agosto do ano passado, no qual gravou “É ele que canta em mim”, tema que também incluiu neste CD.
O alinhamento de “Nudez” inclui, entre outros, “Alfama” (Ary dos Santos/Alain Oulman), do repertório de Amália, “Nevoeiro” e “Cancioneiro”, dois poemas de Fernando Pessoa musicados por Dulce Pontes, e ainda “Va de Retro”, de Dulce Pontes, e o tema tradicional “Cantiga da Roda”, com adaptação de Dulce Pontes.
No segundo CD, “Puertos de Abrigo”, “a viagem interior de Dulce Pontes continua com sotaque espanhol, transportando-nos a lugares físicos e humanos, onde encontramos proteção”, escreve La Peña.
Para abrir este segundo CD, a cantora voltou a escolher um compositor erudito espanhol, Isaac Albéniz (1860-1909), de quem interpreta, na “Suite Espanhola”, o poema “Asturias”, do argentino Raúl Carnota, falecido em 2014.
La Peña destaca neste tema, os “arpejos da impressionante guitarra flamenca de Daniel Casares”.
O alinhamento deste segundo CD, que totaliza 11 temas, inclui uma versão em espanhol de "La Bohème", de Charles Aznavour, “Volver”, de Alfredo Le Pera e Carlos Gardel, o tango “Maria de Buenos Aires", de Astor Piazzolla e Horacio Ferrer, em que Dulce é novamente acompanhada pela Roma Sinfonietta, sob a direção de Paolo Silvestri.
Desta dupla de autores gravou também outro tango, “Vamos Niña”.
O CD inclui “Alfonsina y el Mar” (Ariel Ramirez/Félix Luna) e duas cantigas em galaico-português do trovador Martim Codax, “Ai Eu Ondas Vin Veer" e "Ondas do Mar de Vigo”.
“Barro y Altura”, de Jaime Torres, é um dos dois inéditos de “Puertos de Abrigo”. O outro, cantado em inglês, é “7th Sky”, de Dulce Pontes, que assina ainda a música em parceria com Kaat Tilley.
“La Leyenda del Tiempo” (Federico García Lorca/ Ricardo Pachón) e “La Peregrinación” (Félix Luna/Ariel Ramirez) fazem também parte do alinhamento do segundo CD.
Dulce Pontes (voz e piano) é acompanahda pelos músicos Juan Carlos Cambas (piano), Paulo da Silva (bateria/percussão), Hubert-Jan Hubeek (saxofone), Amadeu Magalhães (bandolim/flauta/gaita-de-foles), Davide Zaccaria (violoncelo), Marta Pereira da Costa (guitarra portuguesa) e Daniel Casares (viola).
“’Peregrinação’ é uma viagem interior, emocional, sobre a vida em tempos difíceis. Um CD duplo muito necessário para caminhar em estado de consciência”, remata Maxi de La Peña.
Este álbum tem vindo a ser anunciado sucessivamente pela cantora, que tem atuado com regularidade nos palcos espanhóis, nos últimos anos.
Em abril de 2015, durante uma digressão por Espanha, foi anunciado a saída "em breve" deste álbum, e em agosto do mesmo ano, fonte da promotora espanhola Syntorama, tinha adiantado à agência Lusa que "Peregrinação" estava "pronto a sair" e seria um álbum duplo, com DVD. O DVD não se concretizou, tendo-se mantido a intenção de dois CD, um em português e outro em espanhol.
A cantora, compositora e letrista Dulce Pontes, de 47 anos, conta mais de 25 de carreira e recebeu já os prémios Luigi Tenco e Fondazione Maria Carta, em Itália, o Amigo, para a melhor solista feminina, e Microfone de Ouro, em Espanha, entre outras distinções.
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