A exposição vai ser inaugurada hoje, com a presença do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, mas é aberta ao público na terça-feira, para ficar até 01 de janeiro, antes de seguir para Lisboa, onde vai permanecer de 12 de janeiro a 26 de fevereiro.
“As obras que Amadeo decidiu expor [em 1916] estão hoje dispersas por diversas coleções públicas e privadas. Reuni-las, procurando refazer os gestos e as opções do malogrado pintor [que morreria, inesperadamente, em 1918, com 30 anos de idade] é, em primeiro lugar, uma homenagem”, indica a descrição da exposição, que conta com curadoria das investigadoras Raquel Henriques da Silva e Marta Soares.
Em declarações à agência Lusa, em agosto, quando do anúncio da mostra, a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva, ex-diretora do Museu do Chiado e do antigo Instituto Português de Museus, lembrou que “aquilo que se diz desta exposição é sempre um aspeto anedótico mais castiço, que as pessoas não perceberam nada, que foi um escândalo, que lhe cuspiram para os quadros, que lhe deram pancada”, mas há que acrescentar que a exposição de 1916, no Jardim Passos Manuel, no Porto, e na Liga Naval Portuguesa, em Lisboa, levou a um debate sobre o que era arte contemporânea.
Amadeo de Souza Cardoso teve nessa “exposição itinerante”, como a define Marta Soares, a única mostra individual em vida, e foi “um gestor cultural, como hoje [se diria]”, de acordo com Henriques da Silva, para quem o artista “fez um trabalho pedagógico de mostrar a exposição a toda a gente, de explicar ‘éne’ vezes, de situar a posição dele”, tendo havido “um debate concreto”.
Como recorda o comunicado da exposição, a mostra de novembro de 1916, no Jardim Passos Manuel, “atingiu, em 12 dias, um número impressionante de visitantes [30.000, relatou Amadeo ao crítico americano Walter Pach] e agitou a cidade”, desencadeando, por vezes, reações agressivas e despertando a atenção da imprensa, enquanto, por outro lado, a exposição de dezembro de 1916, na Liga Naval Portuguesa, em Lisboa, “foi mais elitista e cativou, além da imprensa, o entusiasmo do grupo de ‘Orpheu'”.
Foi neste contexto que Almada Negreiros escreveu, num manifesto de apoio, que “a Descoberta do Caminho Marítimo p’rá Índia é menos importante do que a Exposição de Amadeo de Souza Cardoso na Liga Naval de Lisboa”.
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