“No reino de O'Neill” é o título da mostra, de entrada livre, que vai estar na sala de exposições da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) até dia 8 de março de 2025, anunciou a instituição em comunicado.

Esta exposição, comissariada por Joana Meirim, surge sob o pretexto de celebrar os 100 anos de um poeta que foi um dos responsáveis pelo encontro de Portugal com o surrealismo.

“Se Alexandre O'Neill mostrou por vezes reservas quanto à longevidade da sua obra, o tempo tem vindo a mostrar que é seguramente uma das vozes mais singulares da literatura portuguesa”, destaca a BNP.

O objetivo não é abarcar todas as vertentes da atividade criativa do poeta surrealista, mas dar a ver alguns dos momentos mais significativos do seu percurso intelectual, a partir de elementos do seu espólio, doado à BNP pela família.

“Assim, propõe-se um percurso por diferentes lugares da obra e da vida de Alexandre O'Neill, procurando revelar dimensões menos conhecidas deste autor”, acrescenta.

Igualmente coordenado por Joana Meirim, a BNP tem desde 2020 um 'site' sobre Alexandre O’Neill, que se debruça sobre todas as suas facetas, desde a vida à obra, passando pelo homem e pelo poeta.

Intitulado “Site do O’Neill”, contém um caleidoscópio de informações sobre o poeta surrealista, visto por ele próprio, a sua figura vista por outros, as múltiplas facetas da vida que percorreu, o espírito inventivo e crítico das suas atividades, o seu humor e a literatura que deixou.

Esta página tem ainda uma entrada para a rede de bibliotecas de Constância – a vila onde o poeta morava por temporadas e a quem o filho doou o espólio bibliográfico do pai -, onde se pode consultar virtualmente todos os livros que pertenceram a Alexandre O’Neill, muitos deles com anotações suas ou dedicatórias dos autores.

Nascido em 19 de dezembro de 1924 em Lisboa, Alexandre O’Neill foi escriturário até 1952, começou a escrever prosa e poesia para vários jornais em 1957 e iniciou-se como redator de publicidade em 1959.

Ficaram famosos alguns ‘slogans’ que criou, como "Há mar e mar, há ir e voltar” - depois de chumbada a versão "Passe um verão desafogado” -, “Vá de metro, Satanás”, “Com colchões Lusospuma você dá duas que parecem uma” e “Bosh é Brom”.

Tendo sido um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa, desvinculou-se a partir de “Tempo de Fantasmas” (1951), embora a sua passagem pelo grupo marque a sua postura estética, conservando na sua poesia algumas características do movimento, como é o caso do tom mordaz e em certo sentido absurdista na forma de analisar o mundo.

Amante do jazz, do cinema e do teatro modernos, Alexandre O’Neill fez traduções, escreveu guiões para cinema e manteve algumas colunas de jornal durante vários anos.

Da sua obra destacam-se obras como “No Reino da Dinamarca” (1958), “Feira Cabisbaixa” (1965) ou a reunião de contos e crónicas em “Uma Coisa em Forma de Assim” (1980).

Alexandre O'Neill morreu em Lisboa a 21 de agosto de 1986, aos 61 anos.