A organização do DocLisboa, cuja 17.ª edição decorre de 17 a 27 de outubro, divulgou hoje a programação da secção Heart Beat, “dedicada à mostra cinematográfica das mais variadas vertentes artísticas”, e que conta “mais uma vez com um espólio de registos cinematográficos de diversas regiões e de diversas expressões, com um ênfase particular, este ano, no universo musical”.
A programação, divulgada em comunicado enviado às redações, inclui “‘Zé Pedro Rock’n’Roll’, realizado por Diogo Varela Silva, em estreia mundial”.
De acordo com a organização do DocLisboa, no filme, Diogo Varela Silva “utiliza arquivos tanto públicos, como pessoais para ilustrar a história de Zé Pedro, a história dos Xutos, e a própria história do rock em Portugal”.
“Uma história marcada pelos Xutos & Pontapés e por Zé Pedro, cuja influência no mundo da música portuguesa é incontornável e que se torna, assim, eternizada no mundo do cinema”, lê-se no comunicado.
O guitarrista dos Xutos & Pontapés morreu no final de 2017, aos 61 anos. No final na década de 1970, Zé Pedro, com Zé Leonel e Paulo Borges, criou a banda Delirium Tremens, que mais tarde passou a chamar-se Xutos & Pontapés, com a entrada de Kalú e de Tim, para o lugar de Paulo Borges. A banda assinala este ano 40 anos.
Também o rock britânico está presente na secção Heart Beat com “The Quiet One”, de Oliver Murray, filme sobre a vida e carreira de Bill Wyman, um dos fundadores dos Rolling Stones, que “mostra materiais e registos inéditos dos primeiros momentos filmados dos jovens Rolling Stones”, e “The Cavern Club: The Beat Goes On”, de Christian Francis-Daives e Jon Keats, “sobre a história e o renascimento (e a reconstrução) do Cavern Club, o auto-proclamado ‘melhor clube do mundo’, onde os Beatles tocaram 292 vezes e que, nos dias de hoje, recebe artistas como Arctic Monkeys e Adele”.
Outro dos filmes selecionados, “Oh Le Filles!”, de François Armanet, foca-se na história das estrelas de rock francesas femininas, de Françoise Hardy a Christine and the Queens, passando por Charlotte Gainsbourg ou Vanessa Paradis.
Na área da música, serão também exibidos, entre outros, “Dorival Caymmi — Um Homem de Afetos”, de Daniela Broitman, “um filme intimista, que tem como base uma entrevista inédita com Dorival Caymmi, tal como testemunhos de Caetano Veloso, Gilberto Gil e artistas que admiravam a música de Caymmi, posicionando-o como um dos músicos baianos mais importantes”, e “The Bridge”, de Paulo Raposo, “que retrata um grupo de artistas sonoros que se propôs à criação de uma intervenção sonora numa pequena ponte sobre o rio Andelle (Normandia)”.
O mais recente filme de Abel Ferrara, “The Projectionist”, “sobre a vida e carreira de Nicolas Nick Nicolaou, amigo do realizador que se tornou um dos últimos proprietários de cinemas independentes em Nova Iorque”, será também exibido na secção Heart Beat.
O cinema estará em destaque também com a exibição de “Banquete Coutinho”, de Josafá Veloso, “um olhar sobre a obra de Eduardo Coutinho, a partir de um encontro filmado com o realizador em 2012, e de um vasto material de arquivo”, e “Forman vs Forman”, filme de Helena Trestikova e Jakub Hejna, que é “um registo de colagem de arquivos particulares e oficiais raros do realizador multi-galardoado Milos Forman, desde os seus primeiros passos no mundo do cinema, enquanto um dos impulsionadores da New Wave Checa, até à sua vida e carreira nos Estados Unidos”.
A programação da Heart Beat inclui ainda, entre outros, uma sessão especial cine-concerto, com o filme “Mistérios Negros”, de Pedro Lino, musicado ao vivo pelo compositor Philippe Lenzini, a ‘cine-performance’ documental “O intendente é um lugar psicológico”, “em que Tiago Pereira filma e conceptualiza, e Sílvio Rosado compõe e toca”, e a exibição de “Ensaio de Amor”, de Zé G.Pires.
Trata-se de “um registo do percurso dos ensaios ao palco dos actores do Grupo Crinabel, numa adaptação teatral de ‘Uma Menina Está Perdida no Seu Século à Procura do Pai’, de Gonçalo M. Tavares: uma história em que a Trissomia 21, que caracteriza a personagem Hanna, nos é dada a sentir como um ‘plus’ e em que esta diferença é descrita como um suplemento”.
A 17.ª edição do DocLisboa, que vai dedicar retrospetivas ao cinema da Alemanha de Leste e ao trabalho da cineasta libanesa Jocelyne Saab, será a última do festival com os diretores Cíntia Gil e Davide Oberto.
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