A mostra temporária, que ficará patente no Torreão Poente da Praça do Comércio até 12 de janeiro, para celebrar os 50 anos de carreira do fotógrafo, será palco do lançamento de um livro editado pela Tinta-da-China.

Trata-se de uma exposição resultante de uma seleção a partir do livro com o mesmo nome, com cerca de 220 imagens do fotógrafo e textos de Maria Antónia Palla, "a histórica feminista com quem Alfredo Cunha iniciou a sua carreira de jovem fotojornalista", recorda, em comunicado, o Museu de Lisboa, que acolhe a mostra num dos seus espaços.

"Celebrando a condição feminina na humanidade, da infância ao cair das folhas, a exposição mostra-nos imagens captadas em contextos muito diversos – em Portugal, mas também em África, na Ásia e um pouco por todo o mundo –, demonstrando a beleza, a sensibilidade e a importância das mulheres nas sociedades", descreve ainda o museu sobre as imagens.

Quanto ao espaço expositivo, "é um lugar especial para Alfredo Cunha, por ter sido um dos edifícios que fotografou no dia 25 de Abril de 1974, tanto o exterior como o interior", acrescenta.

Em 2017, Alfredo Cunha também exibiu mais de 500 fotografias na Galeria Municipal do Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, em Lisboa, para assinalar as cinco décadas de carreira.

Intitulada "Tempo Depois do Tempo. Fotografias de Alfredo Cunha 1970-2017" a retrospetiva apresentou diversas imagens que ficaram na história do país ainda antes da queda da ditadura.

Ao longo de 48 anos, Alfredo Cunha captou não só factos históricos como rostos anónimos pelo mundo inteiro, como, por exemplo, a queda do ditador Nicolae Ceauşescu, na Roménia (em 1989), a guerra no Iraque, país onde esteve em 2003 e ao qual regressou várias vezes na última década.

Depois de uma carreira iniciada em 1971 no Notícias da Amadora, que passou pela agência Lusa e por jornais como o Público, em 2012 tornou-se fotojornalista 'freelancer' e participou no projeto comemorativo dos 30 anos da Assistência Médica Internacional “Três Décadas de Esperança”, que o levou a percorrer países como o Níger, a Roménia, o Bangladesh, a Índia, o Haiti, o Sri Lanka, a Guiné-Bissau e o Nepal.

No quadro destas viagens criou o livro “Toda a Esperança do Mundo”, tendo também publicado reportagens nos jornais Expresso e Público.

Nascido em 1953, em Celorico da Beira, neto e filho de fotógrafos, Alfredo Cunha foi cedo influenciado pelo pai António, que o levava para trabalhos exteriores de fotografia, ainda na infância.

O seu trabalho também foi inspirado na obra de fotógrafos como Philip John Griffiths, Eugene Smith, Cartier-Bresson, Ferdinando Scianna, James Natchwey, Eugene Richards, Cristina Garcia Rodero e Josef Koudelka.

Reconhecido pela crítica como um dos maiores fotojornalistas da atualidade, foi distinguido com prémios nacionais e internacionais, entre as quais a Comenda do Infante D. Henrique, em 1995.

Parte da sua coleção encontra-se no Centro Português de Fotografia do Porto e no Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, de que é o maior doador, tendo contribuído com mais de 500 fotografias em papel e mais de 5.000 digitalizadas.

Alfredo Cunha iniciou em 1970 a sua carreira profissional em fotografia publicitária e comercial e, no ano seguinte, em 1971, a carreira de fotojornalista no Notícias da Amadora.

Trabalhou para o jornal O Século e para a revista O Século Ilustrado (1972), na Agência de Notícias Portuguesa - ANOP (1977), nas agências de Notícias de Portugal (1982) e Lusa (1987).

Adicionalmente, trabalhou no jornal Público como fotógrafo e editor, entre 1989 e 1997, na revista semanal Focus, na RTP, no Jornal de Notícias e na Global Imagens.

Publicou diversos livros de fotografia entre os quais "Raízes da Nossa Força" (1972), "Vidas Alheias" (1975), "Disparos" (1976), "Naquele Tempo" (1995), "O Melhor Café" (1996), "Porto de Mar" (1998), "Cuidado com as Crianças" (2003), "Cortina dos Dias" (2012), “O Grande Incêndio do Chiado” (2013), "Os Rapazes dos Tanques" (2014) e "Felicidade" (2016).