Jones quis misturar "o feito em casa à alfaiataria, o global ao local" a este desfile, para o qual recorreu à obra de um desconhecido ceramista sul-africano de 83 anos.

As silhuetas são esculturais e práticas, com calças largas, camisetas sem mangas, tricot e casacos. A roupa tem um toque anos 1950, com acabamentos brilhantes.

O cabelo é penteado para trás e a louça virou inspiração para os trajes, com colares de porcelana e estampas de "azulejos" portugueses.

Nos cortes, predomina o arredondado, suave, como as imensas esculturas de gato no meio da passarelle nos jardins do Val-de-Grâce, em Paris.

A luz laranja evoca um passeio despreocupado à praia, combinando com a paleta do desfile: amarelo pálido, castanho, verde e tons pastéis.

"Queria manter as coisas leves, otimistas, porque o mundo está obscuro o suficiente neste momento", declara no atelier Kim Jones, durante um encontro com a imprensa antes do desfile.

Depois de uma maratona de 66 quilómetros em seis anos, o estilista de 50 anos apareceu na loja, de calções, t-shirt e camisola com capuz, e combinou encontrar-se na Dior.

"A ideia é mergulhar nas referências e brincar um pouco com elas, isso é o que vende", explica o estilista, que assume sempre o aspeto comercial das suas coleções e fala abertamente sobre o "cliente", em cada frase.

Como figurino, a Dior Homme destaca o calçado. Nesta temporada, o tamanco, tradicionalmente artesanal, é reinventado em madeira de faia e couro de bezerro, com uma enorme sola cravejada para afastar-se, segundo sua nota, "dos clichês".

Nos acessórios, Dior recupera seu 'best seller' de 25 anos, a bolsa "Saddle", além de um intrigante chapéu em forma de sino, que aparenta ter inspiração indígena.

O karaoke de Mihara Yasuhiro

O japonês Mihara Yasuhiro teve a difícil tarefa de apresentar sua coleção logo após a Dior, que costumava reunir celebridades e fãs, mas o estilista defensor do street wear costumava sair-se bem graças ao seu sentido de humor.

Para seu desfile num salão de festas parisiense, Yasuhiro fez surgir do público cantores que começaram a interpretar músicas conhecidas das décadas de 1960 e 1970 ao estilo karaoke.

Para a alegria da plateia, os cantores trabalharam a plenos pulmões, em total contraste com os rostos sérios das modelos que desfilaram, como costumava ser nas passerelles.

"Cresci no Japão, mas fui influenciado pelas roupas americanas e europeias. Interesso-me por roupas casuais, mas gosto de tornar essas roupas casuais elegantes e refinadas", disse o criador à AFP.

Ele é famoso por subverter suas roupas, como as jaquetas jeans que são abertas nas costas, calças desportivas amplas ganham rachas na parte de trás. Com seu olhar irónico, afirma que há seriedade demais no mundo da moda.

Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com