“Os cabo-verdianos adoraram. Aliás, acho que gostaram mais do prémio do que eu, de modo que eu divido o prémio com vocês. Eu fico com o dinheiro, mas dou-vos a honra”, disse Germano Almeira.
O escritor confessou não imaginar que “ficassem tão contentes com a atribuição do prémio a um cabo-verdiano”, mas não necessariamente a ele.
“Tudo o que enaltece Cabo Verde, eles tomam aquilo como a maior coisa do mundo”, afirmou.
A cerimónia de entrega do Prémio Camões contou ainda com a presença dos ministros da Cultura de Portugal, Brasil e Cabo Verde, que, em declarações à Lusa, fizeram questão de parabenizar o escritor.
O ministro da Cultura português, Luís Filipe Castro Mendes, salientou a importância de Cabo Verde no universo dos países de língua portuguesa e as qualidades de Germano de Almeida.
“É uma grande alegria que este prémio tenha sido concedido a um escritor cabo-verdiano por Cabo Verde ser um país muito importante no mundo dos países de língua portuguesa, mas, sobretudo, porque ele é um grande escritor. Tem uma grande ironia, uma grande capacidade de distância e que se aproxima até um pouco do espírito brasileiro, nessa vontade de não se levar demasiado a sério e nesse humor que ele mantém”, salientou o governante português responsável pela pasta da Cultura.
Também o ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente, destacou a felicidade que este prémio trouxe ao seu país: “Apesar de sermos um país tão pequeno, conseguimos causar impacto através das nossa história, e o Germano, de certa forma, homenageia a nossa humildade e simplicidade, mas de uma forma muito (...) humana”.
“Por isso, a minha representação aqui, em nome de Cabo Verde, demonstra isso, que nós estamos felizes pela comunidade ter reconhecido a qualidade do trabalho do Germano de Almeida”, acrescentou.
Por sua vez, o ministro da pasta da Cultura do Brasil, Sérgio Sá Leitão, evidenciou a “produção (literária) significativa e relevante” do vencedor do Prémio Camões: “Acho que ele elevou a língua portuguesa na sua criação e nos elevou como leitores”.
“Realmente é um prazer e uma honra muito grandes”, sublinhou.
Germano de Almeida aproveitou para relembrar o momento em que soube que era o vencedor deste prémio literário, através de uma chamada do ministro da Cultura português, e afirmou ainda “não acreditar ser o melhor entre aqueles que poderiam ter recebido o prémio”.
Criado por Portugal e pelo Brasil em 1989, o Prémio Camões tem um valor de 100 mil euros e é a mais importante consagração literária da língua portuguesa. Atendendo a esta componente financeira do prémio, Germano de Almeida não escondeu a sua satisfação em levar o prémio monetário para casa.
“Também tenho de dizer o seguinte, a componente financeira do prémio é muito interessante. Eu sou um advogado pobre”, disse entre risos.
O escritor foi escolhido, por unanimidade, no passado mês de maio, na reunião do júri do Prémio Camões, em Lisboa, tendo sido destacada “a riqueza de uma obra” na qual “se equilibram a memória, o testemunho e a imaginação”.
Nascido em 1945, na ilha da Boa Vista e a viver atualmente no Mindelo, Germano Almeida é autor de obras como “A Ilha Fantástica”, “Os Dois Irmãos” e “O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo”, tendo publicado este ano “O Fiel Defunto”, pouco depois do anúncio da atribuição do Prémio Camões, no valor de 100 mil euros.
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