“Peregrinação” arrancou no final de junho e decorre até 23 de outubro de 2020, dia da reunião final do congresso “O futuro da nossa cidade”. Nesta reta final, as histórias escolhidas por Gonçalo M. Tavares surgem todos os dias na página da Rede Cultura 2027, recuperando a tradição da narração de contos.
“A ideia é recuperar a questão do contador de histórias, voltar ao som, ou seja, ao velho som da narrativa”, explica à agência Lusa Gonçalo M. Tavares.
A partir de referências como “Canto nómada”, de Bruce Chatwin, “Decameron”, de Boccaccio, ou “Mil e uma Noites”, o escritor assume a intenção de “encher um espaço real de ficções”, umas da sua autoria, outras “mais tradicionais”.
Nesta “Peregrinação”, acionando “um pequeno botão” no ‘site’ da Rede Cultura 2027, pode-se ouvir “uma história que sai do espaço real”.
“Como se de repente o espaço real escondesse histórias que não importa se são passadas ali ou não. Não é isso. É mais o contrário: a ideia de, depois de ouvirmos uma história ligada a um determinado espaço, quando se pensar nesse espaço também se pensar na história”, acrescenta.
O desafio, que desde junho já o levou a associar histórias de Castanheira de Pera a Alenquer, agrada a Gonçalo M. Tavares:
“Gosto da ideia do andar, do avançar, do peregrinar, não apenas para atingir um objetivo, não apenas percorrendo metros, ultrapassando uma distância, mas um caminhar que seja um caminhar ao longo de determinadas histórias”.
A ideia de história como “aquilo que permite continuar o caminho” é central nesta “Peregrinação” e Gonçalo M. Tavares pretende contribuir para enriquecer a ligação do leitor aos espaços mapeados para a Rede Cultura 2027.
“No nosso próprio percurso biográfico há determinados espaços onde aconteceram determinadas histórias e temos histórias naquele espaço. Em determinados espaços aconteceram coisas que lembramos como uma boa memória, outros com uma memória inclinadamente desagradável. Mas para além das coisas que aconteceram num espaço, há as coisas que imaginámos: as histórias que imaginámos nos espaços”, sublinha.
A peregrinação literária diária do poeta e romancista prossegue até outubro, cobrindo espaços dos 26 municípios das comunidades intermunicipais de Leiria, Oeste e Médio Tejo que formam a Rede Cultura 2027.
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