Entrar em “Harry Potter - A exposição” é entrar noutro mundo, onde a realidade como a conhecemos desaparece. Como verdadeiros alunos do primeiro ano da Escola de Bruxaria e Feitiçaria de Hogwarts, antes de conhecermos a exposição — perdão, a escola, e todo o universo da magia, começamos por passar pelo Chapéu Selecionador. Esse mesmo, aquele que diz a cada pessoa a que equipa de Hogwarts pertence — qual será que nos calhou?
Sendo Gryffindor, Hufflepuff, Slytherin ou Ravenclaw, todos vamos pelo mesmo caminho, o que nos leva para o imaginário de Harry Potter. Desde a sala comum dos Gryffindor ao Salão Nobre, das salas de aulas à cabana de Hagrid, da Floresta Negra a Azkaban. Percorremos toda uma narrativa cheia de surpresas, como se fossemos um dos membros do grupo de Harry, Ron e Hermione numa das suas aventuras. Uma experiência imersiva onde o som, o cheiro e a luz nos transporta para os filmes da saga e em que somos enfeitiçados pela nossa memória — com muitos mais pormenores dos que aqui contados e retratados (sim, não queremos ser spoiler).
Não são peças da exposição, mas também ajudaram a contar a história. Os gémeos Phelps, cujo crescimento acompanhámos durante dez anos no grande ecrã como Fred e George Weasley (os irmãos gémeos de Ron), estiveram presentes na apresentação da exposição à imprensa. E não foi preciso lançar nenhum feitiço para que falassem connosco.
Nem para que nos dissessem os objetos expostos com os quais ainda mantêm uma ligação emocional, ao ponto de quererem ficar com eles quando a exposição acabar: a caixa de snacks que George distribuiu no quinto filme e a sua varinha. "Foram os nossos primeiros acessórios, 'é nosso'", brincam.
E Salazar Slytherin? “Estamos sempre a aprender. Essa foi boa!”
Bem-dispostos como é característico das suas personagens, perguntámos se conheciam as influências lusitanas presentes na saga. “Sim! Por acaso, aprendemos isso hoje”, respondeu Oliver Phelps, referindo-se ao facto de a escadaria Lello ter sido a fonte de inspiração para as famosas escadas que mexem em Hogwarts. No entanto, como o saber não ocupa lugar e a referência da Livraria Lello, no Porto, é a mais conhecida, insistimos se sabiam de onde vinha, por exemplo, a origem do nome Salazar Slytherin — um dos fundadores de Hogwarts que tinha visões autoritárias sobre quem devia ou não fazer parte da escola. Ficaram surpreendidos quando lhes dissemos que J. K. Rolling se tinha inspirado no nome de António de Oliveira Salazar — “De facto, fui buscar o nome [de Slytherin] ao ditador português”, escreveu a escritora há dois anos no Twitter. “Estamos sempre a aprender. Essa foi boa!”, disse Oliver Phelps, o eterno George Weasley.
Trivia à parte, ao falar sobre como a história de Harry Potter é "intemporal" e "para toda a família", James (ou seja, o Fred) lembrou que muitas vezes até são os pais a trazer os filhos — fazendo bem as contas, já passaram 20 anos desde o lançamento de "Harry Potter e a Pedra Filosofal". As crianças, que nunca viram sequer os filmes, "ficam maravilhadas quando veem os adereços e todo o universo do feiticeiro" e até "são quem fica mais tempo porque perguntam: 'o que é isto? o que é aquilo?'". “Tudo o que foi feito para o Harry Potter não se fez pela metade, mas da melhor forma possível e isso aplica-se igualmente à exposição”, acrescentou.
Quem também pensa da mesma forma é Frank Torres, um dos produtores de “Harry Potter: The Exhibition”, que nos guiou pelos corredores que bem conhece — e sabe contar. Mesmo depois de dez anos a mostrar a exposição ao mundo, Frank mantém o entusiasmo e sorriso na voz, enquanto nos mostra todos os cantos e recantos mágicos do mundo de Harry Potter. “O meu objetivo tem sido sempre apresentar esta exposição como se fosse o primeiro dia, a primeira vez de sempre, cada vez que abrimos as portas", partilhou connosco logo depois de passarmos pelo Chapéu Selecionador.
E a verdade é que o esforço para cumprir esse objetivo tem valido a pena. Para além de a exposição ter os adereços mais conhecidos dos filmes, como alguns na galeria de imagens, Frank deu privilégio ao detalhe. E ainda bem, porque são os detalhes, como: páginas do Daily Prophet — o jornal mais conhecido do mundo da magia —, a carta de admissão de Harry a Hogwarts ou o Mapa dos Salteadores — ou o mapa através do qual se veio a descobrir quem entregou os pais de Harry a Lord Voldmort — que farão as delícias de todos os fãs.
E um deles é Álvaro Covões, diretor da Everything is New, que nos confessou que apenas leu o primeiro livro, mas, influenciado pelos filhos, acabou por ver todos os filmes. Depois de "Banksy: Genius or Vandal?", ainda patente na Cordoaria Nacional, o promotor volta a apostar na diversidade da oferta cultural e quer bater o recorde de bilheteira da exposição de Joana Vasconcelos, que teve lugar no Palácio da Ajuda, em 2013, e que contou com 230 mil visitantes. "É cada vez mais importante tirar os portugueses de casa, levá-los aos museus, a exposições, não só aos shoppings para comprar roupa", diz no seu tom particular. Essa é parte da sua estratégia, que passa também por "colaborar de uma forma muito ativa para fazer subir os portugueses no ranking europeu dos hábitos culturais. Nós estamos na cauda, somos os últimos em quase tudo: na leitura de livros, na ida ao teatro, a exposições...".
“Harry Potter: A exposição" estará patente entre 16 de novembro e 8 de abril, de segunda a domingo, no Pavilhão de Portugal, em Lisboa. Os bilhetes variam nos dias de semana entre os 12 euros (crianças até aos 12 anos) e os 16 euros (entrada geral). Ao fim de semana os preços sobem para 15 euros (crianças até aos 12 anos) e 19 euros (entrada geral). Há ainda bilhetes familiares cujo valor varia entre os 38 euros e os 52 euros.
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