O "mad", conta Miguel Costa, diretor de operações da Madpizza, vem de loucura, mas também foneticamente de mediterrânico e a ideia foi trazer para o espaço dos centros comerciais uma oferta de refeições saudáveis – e populares como a pizza. Tudo começou há 15 anos, com um primeiro espaço nas Amoreiras. Entretanto, multiplicaram-se no mercado as propostas de alimentação saudável, mas o poder de compra ainda é impeditivo de melhores escolhas.
"O nosso melhor cliente no mês passado comeu 12 vezes Madpizza e gastou umas centenas de euros", refere o gestor. O poder de compra tem impacto, mas não só. "A cabeça dos clientes também é muito diferente de local para local".
O que foi mais idêntico, independentemente do sítio, foi a ginástica que os restaurantes tiveram de fazer durante dois anos de pandemia de forma a poder organizar equipas com horários que, por razões de saúde pública, só eram muitas vezes conhecidos de véspera.
Miguel Costa recorda que houve meses em que foi necessário fazer 20 escalas diferentes, e que isso obrigou a conjugar soluções diferentes consoante o perfil dos colaboradores. "Há quem prefira trabalhar seis dias por semana mas ter menos horas e horário fixo, por exemplo".
O que é decisivo num espaço aberto ao público é a forma como os clientes são recebidos, já que não há qualquer filtro entre quem atende e quem consome. "Nós lidamos todos os dias com os clientes e quando as pessoas não estão bem, transparece". Por isso, considera que o bem-estar das equipas tem de ser uma prioridade da gestão.
"As pessoas trabalham 40 horas por semana e têm de ter tempo para descansar e estar com a família. Se isto não acontece é porque alguma coisa está mal e é da parte da gestão", afirma.
A coordenação de equipas é uma área decisiva na Madpizza e é também a este nível que surgem problemas de stress e de tensão acumulada, já que quem gere equipas deixa de poder pensar só em si. "As pessoas começam a entrar em loop por terem muitas coisas que dependem delas e quando é assim tentamos curar com férias".
Ainda assim, para Miguel Costa, o principal problema nos anos de pandemia teve epicentro em quem estava em teletrabalho, como acabou por ser o seu caso. "A grande dificuldade foi não conhecer fronteiras entre o espaço de lazer e o espaço de trabalho. A dada altura são 11 da noite, estás a trabalhar, em casa, e não saíste do mesmo sítio".
Não há soluções únicas, mas acredita que é importante "as pessoas saberem arrumar as suas caixinhas", ou seja, definir fronteiras na sua vida. Ter dias de trabalho fora de casa é, acredita, uma forma de o fazer. Um dos indicadores que o fazem acreditar que muitas pessoas sentiam falta desse espaço social que também é o ambiente de trabalho foram os números de um dos restaurantes de Lisboa no primeiro dia sem quaisquer restrições pós-pandemia em que bateram recordes na venda de cocktails.
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