Cerca de dois meses depois da morte de Leonard Cohen, a Cinemateca decidiu dedicar dois dias da programação a "um dos grandes vultos da canção dos anos sessenta até hoje, e uma das figuras mais relevantes da cultura canadiana deste período". Este mini-ciclo chama-se "Leonard Cohen – Na morte de um ladies’ man".
Embora não tivesse tido grande relação com o cinema, escreve a Cinemateca, será possível ver, na segunda e na terça-feira, a curta-metragem experimental "Angel" (1966), de Derek May, que conta com música de Leonard Cohen, e os documentários "Ladies and Gentlemen, Mr. Leonard Cohen" (1965) e "The song of Leonard Cohen" (1980).
O primeiro documentário, de Donald Brittain e Don Owen, é um retrato de enquanto jovem poeta, de trinta anos, "um talento único, quatro livros publicados e uma reputação em crescendo", como diz o narrador, nos primeiros minutos.
Na altura Leonard Cohen vivia na Grécia, mas o documentário acompanha-o em Montreal, em sessões de leitura de poesia, encontro com leitores, nos cafés, em casa, a deambular pelas ruas da cidade, envergando uma gabardina escura.
Na altura, era conhecido sobretudo como escritor e não como músico.
É neste filme que se ouve Leonard Cohen dizer que a grande preocupação quando acordava era descobrir se estava num "estado de graça" e que a poesia "não é uma ocupação, mas um veredicto".
O segundo documentário é assinado por Harry Rasky e acompanha a digressão do músico canadiano em 1979, quando tinha editado o álbum "Recent Songs". Conta com a interpretação de vários temas escritos e editados até aí, revela fotografias de família e inclui depoimentos do músico sobre a vida.
Leonard Cohen morreu a 7 de novembro passado, aos 82 anos, dias depois de ter publicado um novo álbum, "You want it darker", no qual refletia sobre a própria mortalidade e, com a voz grave característica, se interrogava sobre a natureza do Homem.
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