A portaria, assinada a 13 de novembro, pela secretária de Estado da Cultura, Ângela Carvalho Ferreira, realça a história da Casa Havaneza, inicialmente instalada nos números 24 e 25 do Largo do Chiado, local à época “mais procurado pela sociedade endinheirada e cosmopolita” da cidade.

O grande depósito de tabacos estrangeiro foi gerido no início por Charles Vanderin e François Caen, negociantes de tabaco belgas, residentes em Antuérpia. Henrique Burnay, também descendente de belgas, foi o responsável pela dinamização do negócio, particularmente a partir de 1875, depois da constituição da firma Henry Burnay & C.ª.

Já em 1960, a área do estabelecimento comercial foi reduzida devido à instalação de uma agência bancária no número 24, o que originou alterações profundas na arquitetura e, também, no protagonismo que este espaço comercial detivera no meio financeiro, político e cultural do final do século XIX.

De acordo com a explicação constante no Diário da República, a classificação da Casa Havaneza, incluindo o património móvel integrado, reflete “os critérios relativos ao caráter matricial do bem, ao génio do respetivo criador, o interesse do bem como testemunho notável de vivências ou factos históricos, o valor estético, técnico ou material intrínseco do bem, a conceção histórica e urbanística”.

O projeto foi concebido pelos arquitetos António Azevedo Gomes e Francis Jules Léon. A Casa Havaneza foi onde se instalou o primeiro telefone/telégrafo público da cidade - adquirindo no século XX “uma feição moderna, elegante e mais versátil, apesar da dimensão mais modesta do estabelecimento”, pode ler-se na descrição no Diário da República.

No interior da Casa Havaneza há ainda o mobiliário dos anos 70, executado sob orientação do arquiteto Nuno Corte Real, nomeadamente os expositores, de formas onduladas e esquinas boleadas, com as vitrinas com cantos arredondados.

Conservam-se também na loja as gravuras em mármore policromado, criadas nos anos 60 do século XX por Bartolomeu Cid.