“Mais de 150 páginas manuscritas pelo Prémio Nobel da Literatura pertencem agora ao espólio da Livraria Lello”, lê-se num comunicado hoje divulgado pela Livraria Lello, na qual revela ter adquirido o lote e ter licitado “este tesouro por 535 mil e 900 dólares (519 mil 330 euros), o que corresponde a mais do dobro do valor inicial pelo qual foi colocado à venda”.
O 'site' da leiloeira RR Auction, que levou as cartas à licitação, indica um valor final de 669,875 mil dólares (cerca de 646 mil euros), incluindo a comissão de venda.
As cartas, que segundo a Lello, “revelam as emoções de uma paixão adolescente, e os sonhos e aspirações do autor”, serão exibidas a 13 de janeiro de 2023, dia em que a livraria celebra 117 anos.
Escritas por Bob Dylan no final dos anos 1950, na altura ainda Robert Allen Zimmerman, as 42 cartas, num total de 150 páginas, são dirigidas a Barbara Ann Hewitt.
“Aos 17 anos, Robert Allen Zimmerman (agora conhecido como Bob Dylan) escrevia, tal como todos os adolescentes da época, cartas de amor à sua apaixonada. As 42 cartas de amor revelam a intenção que o autor já tinha de mudar de nome, o sonho de vender um milhão de discos (vendeu muitos mais), a música que ouvia, o seu talento para a poesia e, claro, a mestria com que usa as palavras para traduzir emoções”, revela a Livraria Lello.
As cartas, leiloadas pela RR Auction, nunca tinham sido divulgadas e esclarecem sobre um período na vida de Bob Dylan, sobre o qual não é conhecida muita informação.
A coleção, que inclui um luxuoso cartão de Dia dos Namorados, é um “relato em primeira pessoa dos anos de formação de Dylan”, destacou o presidente executivo da RR Auction, Bobby Livingston.
A filha de Barbara Ann Hewitt encontrou as cartas depois da morte da mãe, em 2020.
Os documentos, juntamente com os sobrescritos originais, com a caligrafia de Dylan, foram leiloados como um único lote, com um valor inicial de 250.000 dólares.
Bob Dylan é uma figura incontornável da história da música popular norte-americana, soma quase 40 álbuns discográficos - o último dos quais editado em 2020 - e mais de 125 milhões de discos vendidos em todo o mundo.
Em 2016, foi distinguido com o Nobel da Literatura por, segundo a Academia Sueca, “ter criado novas expressões poéticas no âmbito da música norte-americana”.
Em Portugal, a obra literária do autor tem sido publicada pela Relógio D’Água, designadamente o primeiro (e até agora único) volume da autobiografia, “Crónicas”, o livro de ficção experimental “Tarântula” (de 1966), e os dois volumes de “Canções” (1962-1973 e 1974-2001).
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