Na introdução, a escritora explica que hesitou em aceitar, no outono de 2017, o convite daquele jornal para escrever uma coluna semanal: "Senti-me lisonjeada e, ao mesmo tempo, assustada. Nunca fizera uma experiência desse género e receava não ser capaz".
Mas aceitou a proposta, vencida pela curiosidade da experiência, com a condição de lhe enviarem perguntas às quais responderia, "respeitando os limites do espaço" que lhe seriam fixados.
De 20 de janeiro de 2018 a 12 de janeiro deste ano, Elena Ferrante escreveu com uma cadência semanal sobre os caminhos do processo criativo, da escrita literária, sobre amizade, sobre feminismo e políticos.
"Há algum tempo fiz o projeto de contar as minhas primeiras vezes. Fiz uma lista de certo número de entre elas: a primeira vez que vi o mar, a primeira vez que fiz uma viagem de avião, a primeira vez que me embebedei, a primeira vez que me apaixonei, a primeira vez que fiz amor. O exercício foi tão árduo como vão. Por outro lado, como podia ser de outro modo? Olhamos as primeiras vezes com uma indulgência excessiva", escreveu no texto inaugural no Guardian.
A edição portuguesa, pela Relógio d'Água, conta com tradução de Miguel Serras Pereira e ilustrações de Andrea Ucini, as mesmas que pontuaram a intervenção semanal de Elena Ferrante no diário britânico.
No último texto, Elena Ferrante admite que escreveu enquanto autora de romances, abordando temas que lhe são importantes e sobre os quais deseja desenvolver, com outros mecanismos narrativos, deixando de fora aquele que marcou o sei último livro: a desigualdade.
De Elena Ferrante, autora que escreve sob anonimato e está envolta ainda numa aura de mistério, estão publicados em Portugal, pela Relógio d'Água, a tetralogia "A amiga Genial", "Crónicas do mal de amor", "A praia de noite" e "Escombros".
Em 2016, no pico das atenções em torno da escritora por causa daquela tetralogia, um jornalista italiano afirmou ter descoberto a identidade de Elena Ferrante, garantindo tratar-se de Anita Raja, uma tradutora romana nascida em 1953, filha de um magistrado napolitano e de uma professora de alemão de origem polaca.
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