Editado pela Relógio d’Água, “Juro não dizer nunca a verdade” compila noventa e cinco artigos publicados semanalmente no El País, pelo escritor espanhol, autor de obras como “Assim começa o mal”, no período que vai de 10 de fevereiro de 2013 a 1 de fevereiro de 2015, particularmente difícil em Espanha, e também em Portugal.
Apesar de os temas abordados terem que ver com a sociedade espanhola, a maioria deles tem um interesse geral, na medida em que abordam abusos e a corrupção governamentais, os “lamentáveis hábitos” criados por redes sociais como o Facebook e o Twitter, “os imaginativos atropelos da gramática, o incivismo que impera nos locais públicos, a xenofobia de alguns, a superstição nas estatísticas e percentagens, a praga das ‘selfies’ nos museus e a invasão da televisão por programas de culinária”, refere a editora.
Nestes textos, Javier Marías revela também os seus gostos e afinidades, dos cássicos de cinema a filmes recentes, as suas principais referências literárias, e a origem do seu Reino de Redonda, onde os nobres são escolhidos pelos talentos revelados na escrita e noutras formas de arte.
O escritor espanhol tem como tradição escolher para título destas compilações o título de um desses textos.
Neste caso, o escolhido foi “Juro não dizer nunca a verdade”, um artigo que confronta o propósito de nunca mentir com o comportamento mórbido de o fazer incessantemente, como acontece sobretudo com os políticos.
“Nos quase cem artigos que compõem este volume, os leitores encontrarão o autor em plena forma, irónico e gracejador sempre que convém sê-lo; a voz sábia de Javier Marías que foge do traço grosso e que matiza e argumenta; a voz culta que consegue fazer-se entender por todos”, segundo a nota do editor original da obra em espanhol.
Do mesmo autor, chegou às livrarias, no final de outubro, outro livro inédito em Portugal, o romance “Berta Isla”, editado pela Alfaguara, que venceu o Prémio Nacional da Crítica, em Espanha, e foi eleito “Melhor livro do ano” pelo El País.
Este romance trata de uma história de amor entre Berta Isla e Tomás Nevinson, que se conhecem muito jovens, em Madrid, e rapidamente decidem passar o resto da vida juntos.
O que não podiam adivinhar, enquanto estudantes no dealbar da idade adulta, era que o futuro lhes reservava uma convivência intermitente, pontuada por um desaparecimento.
Berta casou-se com Tomás pensando que o conhecia desde sempre, convencida de ter encontrado o seu destino, mas, na realidade, não sabia nada verdadeiramente importante sobre ele.
Tomás escondia-lhe algo que não podia partilhar com ninguém, nem mesmo com ela. No tempo em que fora estudante em Oxford, um acidente num “dia estúpido” mudou tudo e condicionou a sua vida para sempre, e a de Berta também.
Esta é “a história de um homem que quer intervir na História, acabando desterrado do mundo". "É a história de uma mulher que espera por uma vida completa e, nessa espera, se transforma. É sobretudo uma história da fragilidade e tenacidade de uma relação condenada ao segredo, ao fingimento, ao desencontro; uma história de amor em que lealdade e ressentimento se entrelaçam”, descreve a editora.
Nascido em Madrid, em 1951, Javier Marías é um escritor multipremiado e um dos mais destacados autores espanhóis da atualidade, tendo publicado, entre outros romances, livros de contos e de ensaio, como “Assim começa o mal”, “Os enamoramentos”, “Coração tão branco”, “Amanhã na batalha pensa em mim” e a trilogia “O teu rosto amanhã”.
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