O júri, reunido na quinta-feira, decidiu “por unanimidade” atribuir o prémio, no valor de 10 mil euros, a Madalena Matoso “pelo conjunto de ilustrações do livro ‘Não é nada difícil’ (texto da própria), publicado pela Planeta Tangerina”, refere a DGLAB num comunicado enviado hoje à agência Lusa.
Esta é a segunda vez que Madalena Matoso vence o Prémio Nacional de Ilustração, depois de, em 2008, ter recebido o galardão pelas ilustrações do livro “Charada da Bicharada”, de Alice Vieira.
Antes de Madalena Matoso, Teresa Lima tinha sido a única ilustradora a receber o prémio por duas vezes: em 2006 com “Histórias de animais”, de Rudyard Kipling, e em 1998 com “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll.
Em maio, “Não é nada difícil” foi reconhecido como uma das 30 melhores obras visuais e de ilustração de todo o mundo e esteve em destaque numa feira de negócio livreiro em Nova Iorque.
No livro, editado no ano passado pela Planeta Tangerina, da qual é cofundadora, a ilustradora desenvolve a narrativa à medida que o leitor ultrapassa vários labirintos ilustrados.
O júri atribuiu ainda duas menções especiais, uma “a Abigail Ascenso pelas ilustrações da obra ‘A Noite’, com texto de Manuel António Pina, publicada pela Assírio&Alvim”, e a outra “a Joana Estrela pelas ilustrações da obra ‘A Rainha da Noite’ (texto da própria) e publicada pela Planeta Tangerina”.
“Não é nada difícil”, de Madalena Matoso, considerou o júri do prémio, “exibe uma coerência organizada numa arquitetura labiríntica quase abstrata sem, no entanto, ousar criar o caos”.
Em relação às ilustrações de Abigail Ascenso em “A Noite”, o júri considerou que estas “se aventuram num universo límbico entre o onírico e o real, a memória e o devir, gerindo graficamente a representação do medo, da incerteza da saudade e da sugestão”, destacando ainda “a subtileza dos afetos numa paleta de azuis, cinzas e preto, onde a subversão cénica das escalas cria contextos de representação, manipulando a incerteza e a dúvida”.
Já “A Rainha da Noite”, de Joana Estrela, “ilustra um relato lendário que teima em não terminar de modo previsível; do mesmo modo, as suas imagens, como saídas de um pensamento infantil, atravessam o tempo até chegar a nós revisitadas e leves”.
Na ata do prémio, o júri decidiu incluir “o carácter singular do trabalho de dois jovens ilustradores: Jaime Ferraz, em ‘Máquina’ (Pato Lógico) e Ivone Gonçalves, em ‘Maria Trigueira’ (Kalandraka)”.
O júri da 22.ª edição do Prémio Nacional de Ilustração foi constituído por Maria Adriana Baptista, investigadora e docente da Escola Superior de Media e Artes e Design do Instituto Politécnico do Porto, Jorge Silva, designer e investigador na área da ilustração, autor do blogue Almanaque Silva, e Ana Castro, técnica superior da DGLAB.
Nesta edição, foram avaliadas 77 obras publicadas por 29 editoras, uma edição de autor e 11 obras publicadas por outras entidades, da autoria de 66 ilustradores.
O valor monetário do Prémio Nacional de Ilustração foi este ano duplicado, de cinco para dez mil euros, e deixou de distinguir apenas livros ilustrados para crianças e jovens. O valor do prémio é “acrescido de uma comparticipação de 1.500 euros destinada a apoiar uma deslocação à Feira Internacional do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha”.
As menções especiais, no valor de 1.500 euros cada uma, destinam-se a comparticipar deslocações à Feira de Bolonha.
O Ministério da Cultura decidiu rever o regulamento do Prémio Nacional de Ilustração criado há mais de 20 anos, para responder ao “grande salto qualitativo na edição de livros ilustrados” em Portugal, como se lê no despacho publicado em dezembro em Diário da República.
No ano passado, o prémio foi atribuído a Fátima Afonso pelo conjunto de ilustrações do livro “Sonho com asas”, com texto de Teresa Marques, editado em 2016 pela Kalandraka.
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