O percurso da “diva da pop”, que recentemente anunciou que a digressão “The Celebration Tour” terminará na praia de Copacabana, no Brasil, onde são esperadas mais de um milhão de pessoas a 4 de maio, é abordado na publicação na ótica do marketing e da longevidade, “numa cultura habituada ao descarte”.
“Nós tomámos a Madonna como objeto de estudo e usámos essa artista, que está há 40 anos no ‘show business’ e que certamente é a artista viva mais bem-sucedida da história”, para “a analisarmos pelo viés do ‘marketing’ de entretenimento”, explicou Thati Aquino à agência Lusa.
A autora brasileira, radicada há cinco anos em Portugal, onde é investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, coloca Madonna a par de ícones como os Beatles, Elvis Presley ou Michael Jackson. Mas há diferenças: a par do sucesso global, Madonna está viva, no ativo - e é mulher. “Numa sociedade machista, sexista e patriarcal, ela é a primeira mulher a ocupar esse espaço”, lê-se, na sinopse.
Porque “os números não mentem”, as conclusões são acompanhadas por dados: 400 milhões de discos vendidos, o equivalente a 1,2 mil milhões de euros arrecadados em venda de bilhetes para concertos e 99,2% de reconhecimento entre a população dos Estados Unidos da América.
“Os números dela são realmente impressionantes” e fazem de Madonna “a mulher mais bem-sucedida da história da indústria fonográfica”, realça Thati Aquino, que, com José Fontes Netto, analisou esse percurso recorrendo ao “olhar de estudiosos e de jornalistas para entender esse fenómeno”, numa abordagem que tanto vai “do ‘marketing’ de entretenimento ao psicossocial da infância de Madonna, que se vai refletir nas escolhas dela”.
A investigadora recorda “a briga com a Igreja Católica, o comportamento sempre muito iconoclasta, muito contra o ‘status quo’”, típico de artistas punk, embora, por outro lado, a cantora se mantenha sempre “muito chancelada como a ‘rainha da pop’, muito ‘mainstream’ e altamente vendável”.
“É um paradoxo muito curioso”, concluiu.
Para esse sucesso que alimenta recordes contribuem vários fatores: “É muito para além da artista: é uma empresária com sangue nos olhos, é muito atenta a todos os processos de produção, todos os processos de negociação”, que levaram, em 40 anos, a “escolhas acertadíssimas e escolhas não acertadas - mas até as escolhas não acertadas ela conseguiu reverter a seu favor”.
Em “Madonna: 40 anos de vanguarda” aborda-se também a questão do ‘etarismo’: “Estamos a falar de uma artista que vai fazer 66 anos e que está aí brigando e batendo o pé Continua a fazer coisas, tournées e a dizer: ‘Estou a fazer 40 anos de carreira e vocês vão ter de me aceitar”.
O livro “Madonna: 40 anos de vanguarda” nasce do trabalho académico de Thati Aquino para o curso de Publicidade e Propaganda, revisto agora, uma década depois, por desafio do escritor José Fontes Netto. “É uma celebração dos dez anos desse trabalho, da minha amizade com ele - também fã de Madonna - e acabou celebrando a própria carreira de Madonna”.
Atualizada até à fase atual da artista norte-americana, a investigação foi lançada em fevereiro deste ano, no Brasil, pela Editora Dialética. Em estudo está a edição em Portugal onde Madonna viveu entre 2016 e 2020.
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