“No fim era o frio” é, de acordo com o vocalista do grupo, Adolfo Luxúria Canibal, um álbum “diferente do anterior – ‘Pelo meu relógio são horas de matar’, de 2014 -, como é, aliás, apanágio dos Mão Morta”.
“É um disco conceptual, muito centrado numa história, que atravessa todo o disco, uma distopia, uma história de perda”, contou o músico, referindo que, na génese do novo trabalho da banda, esteve “uma ideia musical de construção, de composição a partir de módulos, uma ideia retirada da música eletrónica”, e que a banda quis “aplicar à música elétrica”.
Adolfo Luxúria Canibal fala em módulos, por as 11 faixas que compõem o álbum “não [serem] propriamente músicas”. “São longos ambientes, a que chamamos módulos. Alguns são mais próximos do que podia ser uma canção, apesar de não serem canções, não têm refrões, não têm pontes, não têm estrofes, mas são mais próximas na sua estrutura do que seria uma canção tradicional”, referiu.
A maioria das onze faixas “são grandes espaços ambientais de grande produção, muito mais próximo do que seria o ‘krautrock’, nos anos 1960/70, do que propriamente músicas, canções”.
A história contada em “No fim era o frio” foi “criada de raiz” pelo vocalista e, tanto a história como a música serviram o espetáculo de dança, com Inês Jacques, que a banda apresentou este ano em locais como Guimarães e Castelo Branco.
“Ou seja, a música desse espetáculo serviu também para ser a música do disco, cerca de 80%, digamos. Há pormenores, há tempos, há coisas que são diferentes, mas o grosso, a base, é a mesma música que serviu para o espetáculo de dança”, explicou.
“No fim era o frio” é apresentado ao vivo a 28 de setembro, no Porto, no Hard Club, a 11 de outubro, no Lisboa ao Vivo (LAV), na capital portuguesa, a 31 de outubro no Cineteatro Louletano, em Loulé, e, a 09 de novembro, na sala Kultufabrik, no Luxemburgo.
Nesses espetáculos, os Mão Morta vão “apresentar integralmente o disco, até porque é assim que tem sentido”, e depois, numa segunda parte, temas do repertório da banda, que conta com mais de 30 anos de carreira.
No palco, em termos cénicos, “a ideia é acentuar o lado frio do disco”.
“Este lado frio da história, este lado de desamparo, criando um cenário que, de alguma forma, faça a ponte com os espetáculos de dança que estivemos a fazer. As coisas são profundamente separadas, mas ao mesmo tempo estão intimamente ligadas”, disse Adolfo Luxuria Canibal.
No espetáculo de dança havia seis bailarinos em palco, “uma componente mais visual”, nestes espetáculos “não há nada disso, mas há uma espécie de ponte, uma ideia de palco que havia no espetáculo de dança, para a ideia de palco de apresentação do disco”.
Além de Adolfo Luxúria Canibal, os Mão Morta são: Miguel Pedro (bateria), António Rafael (teclados e guitarra), Sapo (guitarra), Vasco Vaz (guitarra) e Joana Longobardi (baixo).
* Entrevista de Joana Ramos Simões, da agência Lusa
Comentários