Spike Lee, o primeiro negro a presidir ao júri de Cannes, falava na conferência de imprensa de abertura do festival francês, ladeado pelos outros jurados da seleção oficial da 74.ª edição, entre os quais o realizador brasileiro Kleber Medonça Filho.
Na curta intervenção, Spike Lee lamentou que se perpetuem os ataques racistas ou contra a comunidade LGBTQI+, sublinhando que “o mundo é gerido por bandidos”.
“Não têm moral, não têm escrúpulos. É o mundo em que vivemos e temos de continuar a denunciar bandidos como eles”, disse, nomeando os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Rússia, Vladimir Putin.
Aliás, a governação de Bolsonaro foi abordada na ronda de imprensa por Kleber Mendonça Filho, que criticou a gestão da pandemia da covid-19 no Brasil e lamentou o “desprezo pela Cultura”.
“A Cinemateca do Brasil está encerrada há mais de um ano, todos os técnicos e especialistas foram despedidos. Quando as pessoas de fora do Brasil me perguntam como podem ajudar, eu digo-lhes que é escrevendo sobre isso, falando sobre isso”, afirmou Kleber Mendonça Filho.
Já em 2016, quando apresentou o filme “Aquarius”, Kleber Mendonça Filho protagonizou um momento político na passadeira vermelha em Cannes, envergando cartazes a criticar o processo de destituição da então presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
O júri da seleção oficial integra ainda Maggie Gyllenhaal, Mélanie Laurent, Jessica Hausner, Mati Diop, Myléne Farmer, Tahar Rahim e Kang Ho Song.
O Festival de Cinema de Cannes começa hoje com a estreia do filme “Annette”, de Leos Carax, um musical protagonizado por Adam Driver e Marion Cotillard e com música dos Sparks.
Hoje é ainda entregue a Palma de Ouro de carreira à atriz e realizadora norte-americana Jodie Foster.
Na competição oficial de curtas-metragens está o filme “Noite Turva”, do realizador português Diogo Salgado.
Na Quinzena dos Realizadores, uma das secções paralelas de Cannes, estará “Diários de otsoga”, de Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes.
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