Já desenhada pelo novo diretor, Carlos Prado, que iniciou funções em setembro deste ano, a nova temporada é anunciada até julho, e ainda sujeita a alterações, mas o responsável indicou à agência Lusa que pretende apresentar as seguintes no formato anual.
O ano será marcado pelo espetáculo "Deste Mundo e do Outro", uma nova criação encomendada a Olga Roriz, com estreia absoluta prevista para 23 de junho, no Teatro Camões, em Lisboa, no âmbito das comemorações do centenário do nascimento do Nobel da Literatura José Saramago.
"Pensei logo na Olga Roriz, porque são dois universos que casam muito bem", justificou Carlos Prado em entrevista à Lusa.
No âmbito das comemorações do centenário, o Teatro Nacional de São Carlos vai apresentar "Blimunda" e "havia a intenção de a CNB apresentar também um trabalho, mas ainda não estava definido".
"Tive muita sorte que a Olga Roriz aceitou o meu convite em fazer uma criação nova para um grande número de bailarinos. É uma coreógrafa reputada internacionalmente e é portuguesa", justificou, sobre a escolha, avançando que além da estreia, no Teatro Camões, decorrerão dois espetáculos em setembro, no Centro Cultural de Belém, também em Lisboa.
"Deste mundo e do outro" é o título de um dos livros de José Saramago, lançado em 1971 pela Editorial Arcádia, composto por 61 crónicas escritas entre 1968 e 1969, publicadas no jornal vespertino A Capital, numa altura em que o autor era conhecido como jornalista.
Com direção de Olga Roriz e textos de José Saramago, a peça será interpretada por bailarinos da CNB, com conceção da banda sonora de Olga Roriz e João Raposo, e cenografia de Pedro Cal.
Outra obra que irá marcar a nova temporada da companhia nacional é assinada pelo coreógrafo belga de origem marroquina Sidi Larbi Cherkaoui, com quem Carlos Prado já trabalhou, e será uma estreia em Portugal, além de não ter sido ainda - depois da estreia, em Gent, na Bélgica, em 2015 - apresentada novamente na sua versão original.
Com o título "Fall", a coreografia, com "muitas camadas", explora o ciclo repetitivo de cair, levantar-se, cair de novo e voltar a levantar-se. Será apresentada com 29 bailarinos da CNB, na linha da filosofia de Carlos Prado de levar ao palco o maior número possível de intérpretes da companhia.
"’Fall’, uma ode à estação do Outono, enquanto estação da introspeção, tal como esta coreografia, reflete a resiliência, a inacreditável flexibilidade e a capacidade de absorção do espírito humano em toda a sua grandiosidade", segundo a sinopse da peça, que tem a particularidade de ser dançada em pontas.
O espetáculo tem música de Arvo Pärt, com cenário e desenho de luz de Fabiana Piccioli e Sander Loonen, figurinos de Kimie Nakano, numa produção original para o Ballet da Ópera da Flandres, agora produzido pela CNB.
Esta peça estrear-se-á num programa a decorrer entre 24 de março e 03 de abril, em conjunto com o regresso de uma peça de Miguel Ramalho intitulada "Simponhy of Sorrows", que se estreou em Lisboa, no Festival ao Largo, em 2020.
A temporada 2022 começa a 14, 15 e 16 de janeiro, no Porto, onde a companhia irá levar o programa "Noite Branca", no Teatro Municipal Rivoli, celebrando o encontro entre a imaginação e a técnica que remetem para os designados “atos brancos” dos bailados clássicos.
Adiado em dezembro de 2020, devido à pandemia de covid-19, e estreado em setembro deste ano no Teatro Camões, o programa reúne obras de três coreógrafos: "Concerto Barocco", bailado de estética neoclássica de George Balanchine, "Shostakovitch Pas de Deux", de Yannick Boquin, estreado no Festival ao Largo, em julho, e "Snow", uma nova criação de Luís Marrafa para a CNB.
Depois, a pensar nas famílias e nos públicos infantojuvenis, a CNB apresentará, a 22 e 23 de janeiro, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, o quarto capítulo da série "Planeta Dança", com escrita, direção e coreografia de Sónia Baptista, prosseguindo uma proposta da história da dança, dividida em capítulos independentes, que teve estreia também em Lisboa, em outubro deste ano.
Este novo capítulo acompanha a conquista dos palcos pela dança clássica, no século XIX, cada vez mais complexa, inspirada em tradições e costumes, e a sua evolução na modernidade, quebrando as próprias convenções.
Com estreia no Dia Mundial da Dança, a 29 de abril, e até 13 de maio, será a vez de "La Sylphide", de Auguste Bournonville, pisar o palco do Teatro de Camões, considerado o primeiro bailado romântico da história da dança.
Carlos Prado revelou também à Lusa que, para o Dia Mundial da Dança, será criado um programa especial de celebração, com pequenos espetáculos de dança em frente ao Teatro Camões, e a exibição de pequenos filmes de coreografias de artistas portugueses, nomeadamente Tânia Carvalho, Daniel Gorjão, Luís Marrafa e Miguel Ramalho, realizados pela RTP, tendo monumentos como palco.
Até julho, a CNB irá continuar ainda com o desenvolvimento do Programa de Aproximação à Dança, com projetos de mediação que incentivam a aproximação entre artistas, criadores, obras, espaços e os públicos, e aulas dos bailarinos com assistência de público, ensaios abertos, para dar a conhecer os processos de trabalho da companhia, no seu quotidiano.
Estão ainda previstas conversas sobre os espetáculos, aulas mensais para pessoas com Parkinson, as suas famílias, amigos e cuidadores, e o ensaio geral solidário que antecede todas as estreias, para angariação de fundos para instituições de solidariedade social em várias áreas.
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