Num movimento que o The Guardian catalogou com sendo "histórico", foram anunciadas esta terça-feira reformas de elegibilidade para a categoria de Melhor Filme, com o objetivo de encorajar a diversidade e a representação equitativa no ecrã (e fora dele), abordando género, orientação sexual, raça, etnia e deficiência.
Ou seja, a partir de 2024, todos os filmes que pretendam ganhar a estatueta dourada mais cobiçada da indústria cinematográfica terão de cumprir estas normas de inclusão em pelo menos duas das quatro categorias que se seguem: 1) no ecrã; 2) entre a equipa de produção; 3) no estúdio que produz o filme; 4) oportunidades de formação durante o desenvolvimento e lançamento do filme.
Na prática, isto quer dizer que o primeiro critério exige que o protagonista do filme seja de um grupo sub-representado, ou que 30% dos papéis secundários sejam distribuídos entre minorias, ou que se abordem os problemas que rodeiam estas comunidades como tema principal da obra.
Por seu turno, o segundo ponto estipula que as figuras principais nos bastidores façam parte de grupos historicamente desfavorecidos, entre os quais também estão incluídas as mulheres, as comunidades LGBTQ e pessoas com deficiências. Ou seja, para cumprir o padrão, um filme deve ter, por exemplo, pelo menos dois cargos de liderança chefiados por alguém que represente um grupo racial ou étnico de minoria.
Quanto às duas últimas medidas, estas referem-se à oferta de estágios e a criação de oportunidades para grupos sub-representados e à diversidade nas equipas de marketing e distribuição.
Note-se que estatueta de Melhor Filme, que é entregue aos produtores do mesmo, é a única categoria em que todos os membros da academia cinematográfica podem votar. Na última edição dos Óscares, esta distinção foi entregue ao filme sul-coreano "Parasitas", que se tornou no primeiro filme de língua não inglesa a ganhar o almejado prémio. Todavia, nas restantes categorias, os atuais requisitos de elegibilidade vão manter-se.
"Acreditamos que estas normas de inclusão serão um catalizador para uma mudança duradoura e essencial na nossa indústria", reiterou o presidente da Academia, David Rubin, e a diretora-geral da instituição, Dawn Hudson, em comunicado.
As novas regras são baseadas nas normas implementadas pelos "Óscares britânicos", os prémios BAFTA do Reino Unido, e foram "criadas para fomentar a representação equitativa dentro e fora da tela para refletir melhor a diversidade da audiência que assiste aos filmes".
Os filmes que fizerem pretensões de concorrer ao Óscar de Melhor Filme em 2022 e 2023 não estarão sujeitos a estas normas, mas deverão ainda assim apresentar à Academia dados confidenciais sobre a diversidade.
A academia de cinema dos Estados Unidos decidiu adiar a cerimónia dos Óscares de 2021 para 25 de abril devido à pandemia.
* Com agências
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