“Pilim” é a personagem que narra a história da moeda, que afirma no início: “moeda e moeda não são a mesma coisa”, esclarecendo em seguida: “moeda sou eu com coração de bronze, disponível para fazer compras, para mealhar em cofres e mealheiros ou para ser atirada ao ar e decidir qual a equipa que dá o pontapé de saída. Por outro lado a moeda a unidade monetária é a moeda oficial de cada país ou região”.
Feitos estes esclarecimentos, “Pilim”, que afirma pertencer “a uma família de objetos metálicos que gostam de tilintar de bolso em bolso”, aborda a história da moeda, desde quando ainda não havia moedas, e vários materiais serviam de valor de troca conforme as comunidades, nomeadamente peles de animais, conchas, penas “e até crânios humanos”.
A obra aborda ainda “da moeda-mercadoria à moeda cunhada”, o valor fiduciário da moeda, e mostra diferentes moedas do mundo.
Segundo o autor, “as moedas mais difundidas têm sido circulares, com cara, coroa e produzidas num metal ou liga metálica”, mas há variações a este formato como moeda retangulares, como o metical de Moçambique e o dáler sueco, ou em forma de borboleta como o Pi de de Porcelana, que existiu na China.
A obra dá ainda exemplos de outras moedas ao longo dos séculos como a de oito reais do Império Espanhol cunhada em 1682, o Tetradracma, do Império de Alexandre, o grande, que circulou entre 360 e 281 antes de Cristo, ou “o dólar de cabelo ao vento”, que foi a primeira moeda do Governo federal dos Estados Unidos, posta a circular em 1794/95.
O livro, editado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, entre outros capítulos, dedica um à moeda em Portugal, remontando ao período em que o atual território continental português fez parte, durante seis séculos, do Império Romano e aborda ainda o período muçulmano, a partir de 711.
Em 1143 o nome e o território de Portugal oficializaram-se entre as nações europeias, e o primeiro rei, “D. Afonso Henriques mandou as primeiras moedas portuguesas, os dinheiros, batidos em bolhão, uma liga metálica de muito cobre e pouca prata”. Estas moedas circularam até ao reinado de D. Fernando (1367-1383) que mandou cunhar uma nova moeda “o real”.
A primeira moeda produzida fora do território europeu foi o “escudo de Ceuta”, no reinado de D. Afonso V (1438-1481) e foi produzido naquela cidade no norte de África.
Dos “reais”, passa-se aos “réis”, sendo que durante a expansão ultramarina, “o grande português de ouro” era a moeda preferencial das transações de especiarias indianas, que valia 10 cruzados, e “era uma espécie de dólar do século XVI, aceite em todo o mundo” Esta moeda foi “batida em Lisboa, Porto, Goa, Malaca e Cochim durante 70 anos”.
Com a queda da monarquia, em outubro de 1910, “enterraram-se os réis a 22 de maio de 1911 e saiu a legislação que instituía o escudo” que circulou até 01 de janeiro de 2002, quando começou a circular o “euro”, moeda comum a outros países da União Europeia, como a Espanha, a França, Bélgica Itália e Luxemburgo, entre outros.
O autor dedica ainda um capítulo às diferenças da moeda corrente da moeda comemorativa, que tem “acabamento especial” com o valor facial de 2,5 euros e que pode ser utilizada nas transações habituais, Sobre esta moeda especial, o autor refere como é criada e destaca “os artistas da moeda em Portugal”, como o gravador João Gonçalves, o pintor Vieira lusitano ou a escultora Irene Vilar, e explica a sua produção.
A Casa da Moeda, em Lisboa, cuja origem remonta ao rei D. Dinis (1261-1325), e se fixou no atual edifício no centro da capital em 1941, tendo-se fundido com a Imprensa Nacional, e os museus de moedas são os capítulos finais, ficando-se a saber que desde 1777, por ordem do marquês de Pombal, ministro do rei D. José, se passou a guardar um moeda de cada cunho.
O primeiro museu numismático nacional abriu em 1946, e atualmente, incluindo a coleção do rei D. Luís, que passou a ser propriedade da Casa da Moeda, em 1924, o Museu da Casa da Moeda conta “cerca de 9.500 medalhas e 35.000 moedas”.
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