O pavilhão de Portugal na 18.ª Exposição Internacional de Arquitetura – Bienal de Veneza já foi visitado por mais de 2.500 pessoas, desde a abertura no sábado, anunciou hoje a Direção-Geral das Artes (DGArtes).
Entre as “mais de 2.500 pessoas” que já visitaram a representação oficial portuguesa estão “profissionais da área, estudantes e investigadores, galeristas, jornalistas, famílias e público em geral, vindos de todo o mundo”, refere a DGArtes num comunicado hoje divulgado.
O Pavilhão de Portugal, que nesta edição volta a instalar-se no Pallazzo Franchetti, situado na margem do Grande Canal de Veneza, acolhe o projeto “Fertile Futures”, com curadoria de Andreia Garcia e curadoria adjunta de Ana Neiva e Diogo Aguiar, que assenta em sete casos do território português.
A DGArtes descreve que os visitantes são recebidos “com uma tina de água com 14 metros, a partir da qual se descobrem as sete salas onde cada equipa de projeto, convidada pelos curadores, trabalhou um espaço centrado em sete hidrogeografias distintas”.
“Os jovens arquitetos de cada uma destas equipas, em colaboração com especialistas de outras disciplinas, focaram-se nos recursos hídricos em Portugal fortemente impactados pela intervenção humana e seus efeitos e apresentam, nas suas instalações, perguntas que permitem pensar o futuro”, lê-se no comunicado hoje divulgado.
Para cada uma das equipas das sete hidrogeografias abordadas no projeto foi convidado um ateliê de arquitetura e um especialista de outra área disciplinar: a Bacia do Tâmega, (equipa ateliê Space Transcribers e o geógrafo Álvaro Domingues), o Douro Internacional (arquiteta Dulcineia Santos e o engenheiro civil João Pedro Matos Fernandes), o Médio Tejo (arquiteta Guida Marques e a engenheira do Ambiente Érica Castanheira), a Albufeira do Alqueva (ateliê Pedrez Studio e a arquiteta paisagista Aurora Carapinha), o Rio Mira (Corpo Atelier e a antropóloga Eglantina Monteiro), a lagoa das Sete Cidades, na Ilha de São Miguel, Açores (Ilhéu Atelier de arquitetura e o geógrafo João Mora Porteiro), e as Ribeiras Madeirenses (Ponto Atelier e Ana Salgueiro Rodrigues).
“A escassez de água doce é um problema global com manifestações dramáticas no território português. Repercute-se no alargamento dos períodos de seca extrema e aumento do calor, agravamento de aridez dos solos, risco de incêndio, e, ao mesmo tempo, cheias e inundações que vivemos recentemente”, alertou a arquiteta Andreia Garcia sobre a motivação do projeto, em entrevista à Lusa em janeiro.
Andreia Garcia considera “urgente a discussão pública sobre a proteção, gestão e futuro deste recurso natural”, sobretudo pelos problemas vividos em várias regiões do território nacional, a partir dos quais o projeto selecionou sete casos reais.
Nesta abordagem encontra-se o “contributo da arquitetura no desenho ou redesenho de uma ideia de futuro mais descarbonizada, descolonizada e colaborativa” com outras disciplinas, com o objetivo de encontrar soluções sustentáveis para os reservatórios de água doce do futuro.
A 18.ª Bienal de Arquitetura de Veneza conta com representações oficiais de 63 países, sendo Portugal e Brasil os únicos lusófonos presentes, mas entre os 89 arquitetos e gabinetes de arquitetura, na maioria de África e da diáspora africana, estão o Banga Colectivo, gabinete de arquitetura de Luanda e Lisboa, e o ateliê brasileiro Cartografia Negra.
O pavilhão do Vaticano tem como comissário o cardeal Tolentino de Mendonça e conta com a instalação “O Encontro”, do arquiteto Álvaro Siza.
Sob o título “O Laboratório do Futuro”, a 18.ª Bienal de Veneza foi programada pela curadora Lesley Lokko e irá decorrer entre sábado e 26 de novembro, e acontece de terça a domingo, 10:00 às 18:00.
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