A sessão de apresentação pública da obra, no MNAA, onde irá ficar em permanência, contará com o primeiro-ministro, António Costa, e do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, segundo um comunicado do museu.
A pintura foi comprada por 350 mil dólares (280 mil euros), num leilão da Sotheby´s, em Nova Iorque, em fevereiro, com o apoio do Grupo dos Amigos do MNAA, e a aquisição visou “a valorização das coleções nacionais”, como comentou, na altura, a tutela, recordando que o pintor, anterior a Nuno Gonçalves, ainda não tinha ali representação.
Parte de um díptico pintado pelo artista português Álvaro Pires de Évora, entre 1430 e 1434, “A Anunciação” passou a ser a segunda pintura conhecida do autor em Portugal, depois de “A Virgem com o Menino entre S. Bartolomeu e Santo Antão, sob a Anunciação”, que pertence ao acervo do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora.
Também em fevereiro, foi leiloada, em Lisboa, pela Cabral Moncada Leilões, outra pintura do mesmo autor, “São Cosme”, por 75 mil euros, que acabou por ser comprada por privados, mas que se encontra em vias de classificação pelo Estado.
O futuro de “A Anunciação” passa agora pelo MNAA, em Lisboa, onde tem um lugar reservado na sala dos Painéis de São Vicente, depois de ter sido apresentado um pedido formal à Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) no sentido de a obra ser adquirida pelo Estado português, sustentando a sua relevância para o património nacional.
Álvaro Pires de Évora, pintor que nasceu em Portugal na primeira metade do século XV, viveu quase toda a sua vida em Itália, e a única obra deste autor que se encontrava até agora num museu nacional era “Virgem com o Menino entre S. Bartolomeu e Santo Antão, sob a Anunciação”, comprada pelo Estado português em 2001, por 320 mil euros.
Álvaro Pires de Évora está documentado na região da Toscana, em Itália, entre 1411 e 1434, começando pela sua integração num grupo de pintores florentinos encarregados de pintar a fachada do palácio del Ceppo, em Prato, pertencente ao mercador e banqueiro Francesco Datini.
De acordo com um texto do historiador de arte e conservador Joaquim Oliveira Caetano, a biografia deste pintor decorre das pouco mais de 30 pinturas que lhe estão atribuídas, onde se inclui o retábulo da igreja de Santa Croce de Fossabanda, próximo de Pisa, também em Itália.
Português de nascimento, mas artisticamente enquadrado na pintura italiana, os especialistas desconhecem as razões para a sua ida para aquele país, numa altura em que a pintura apenas despontava em Portugal.
Em 1994, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo acolheu a exposição “Álvaro Pires de Évora: um pintor português na Itália do Quattrocento”, organizada pela antiga Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.
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