No dia em que o projeto assinala quatro anos, a Associação Crescer, promotora da iniciativa, revela que “cerca de 90% dos beneficiários não voltaram a viver na rua graças a este modelo de intervenção inovador”.
No programa Housing First as pessoas são integradas em habitações tendencialmente individuais e têm um acompanhamento por técnicos que os ensinam a gerir uma casa tendo em vista a sua integração social.
“É extremamente positivo” que 87,5% das pessoas integradas neste modelo de intervenção, e que se encontravam em situação crónica de sem-abrigo, com uma média de 16 anos de rua, não tenham voltado à situação de sem abrigo, afirma o diretor da associação, Américo Nave.
Tudo começou a 01 de fevereiro de 2013, quando sete pessoas sem-abrigo, com mais de dez anos de vida na rua, iriam receber uma casa como ponto de partida para a sua reabilitação e reintegração social.
No âmbito do Plano de Desenvolvimento Comunitário da Mouraria, foi assim implementado o projeto “É uma casa, Mouraria Housing First”, cujos resultados positivos levaram a um rápido crescimento.
“Hoje, abrange toda a cidade de Lisboa e conta com um total de 30 casas, contribuindo para a erradicação das situações crónicas de sem-abrigo da cidade, através da sua inclusão na comunidade”, salienta a associação num comunicado enviado à agência Lusa.
O projeto - atualmente denominado “É uma casa, Lisboa Housing First” – tem como prioridade “oferecer estabilidade habitacional a estas pessoas, considerando que, para a pessoa aderir a qualquer projeto de saúde ou projeto social, tem de ter, primeiro que tudo, uma casa”.
“As habitações são arrendadas em toda a zona de Lisboa, proporcionando desta forma a inclusão dos beneficiários e negando a ‘guetificação’ dos sem-abrigo”, sublinha a Crescer.
“Uma casa significa recuperar a identidade como pessoa e cidadão e poder libertar-se do estigma do sem-abrigo”, afirma Américo Nave, adiantando que, para a maioria destas pessoas, “é recuperar um sonho e concretizar uma necessidade sentida como impossível”.
Segundo Américo Nave, este modelo não só apresenta valores próximos dos envolvidos nos abrigos existentes, como em alguns casos consegue “ser mais barato, chegando a custar metade do valor das soluções habituais”.
“Mas mais do que a redução de custos, o nosso foco é ir à génese do problema: tirar as pessoas da rua e proporcionar-lhes uma verdadeira inclusão na sociedade”, sublinha.
Para alargar o projeto, a associação tem ”batido à porta da sociedade civil” e de várias entidades. Contudo, salienta Américo Nave, a Câmara de Lisboa já se comprometeu em atingir as 180 casas até 2018.
“Defendemos que se deveria atingir as 300 casas e com isto terminar com as situações crónicas de sem abrigo da cidade de Lisboa”, remata o diretor da Crescer.
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