"A obra em causa, pintada a têmpera e sobre fundo de ouro, com quase 600 anos, representa uma oportunidade rara para o acervo artístico nacional", justifica o grupo parlamentar do PSD no projeto de resolução entregue na Assembleia da República.
O projeto de resolução é apresentado poucas semanas antes da ida a leilão, a 01 de fevereiro em Nova Iorque, da pintura "A Anunciação", alegadamente parte de um díptico pintado por Álvaro Pires de Évora, entre 1430 e 1434, e que pertence a um colecionador privado, lê-se na página da leiloeira Sotheby's.
Para o PSD, esta obra e o autor, que nasceu em Évora e morreu em Itália, "são da maior importância para a compreensão da arte da pintura em Portugal, não só pela inegável relevância artística, mas também pelo período ao qual pertence a obra, que lhe acrescenta relevância histórica".
A pintura, que tem 30,5 por 22 centímetros, vai a leilão com uma base de licitação entre 150 mil e 250 mil dólares, ou seja, entre 122.400 euros e 204 mil euros.
O jornal Público noticiou esta semana que o Museu Nacional de Arte Antiga pediu ao Ministério da Cultura que compre a obra de arte.
Contactado pela agência Lusa, sobre uma possível aquisição, o Ministério da Cultura disse que Direção-Geral do Património Cultural recebeu e está a analisar um ofício, escusando-se a adiantar mais informações.
De acordo com os dados presentes no catálogo da Sotheby's, a posse do quadro remonta à família do colecionador suíço Heinz Kisters (1912-1977), que o vendeu ao antigo chanceler alemão Konrad Adenauer (1876–1967) e o adquiriu de novo, mais tarde, aos herdeiros do primeiro chefe de Governo da Alemanha Ocidental, chegando o quadro por herança ao atual dono.
O cadastro dá conta apenas de duas exposições públicas do quadro, a primeira em Estugarda, na Alemanha, em 1959, integrado numa mostra dedicada a antigos mestres, e, mais tarde, na exposição "Álvaro Pires de Évora: um pintor português na Itália do Quattrocento", do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, para Lisboa 1994 – Capital Europeia da Cultura, emprestado pelo seu proprietário.
Ainda segundo o catálogo da Sotheby's, o quadro fez parte dos lotes do leilão da chamada “Coleção Konrad Adenauer”, realizado pela Christie's, em Londres, em junho de 1970, tendo ficado sem comprador.
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