Inaugurou sábado passado, no espaço Mira, no Porto, a exposição Madonna: Deeper and Deeper", que estará em exibição até dia 27 de maio. A exposição coletiva faz parte das celebrações do 10º aniversário do espaço Mira, e integra a mostra comemorativa do 25 de abril e do 1º de maio.

"Deeper and deeper" é o nome de uma canção de Madonna sobre os ensinamentos do amor, e também o mote para as pinturas, desenhos, vídeos, e instalações desta exposição. No próximo domingo, dia 22 de abril, no espaço da exposição, às 17h30,  o professor e artista plástico João Sousa Cardoso, será o orador de uma conferência subordinada ao tema "Madonna: Uma Americana em Paris". Nesse momento ouvir-se-á falar sobre a "iconoclastia, o HIV, o fim da guerra fria e outras memórias, 1986-1993". A conferência viajará pela mulher que disse "ser a sua própria obra de arte", sempre provocadora e que "encontrou na nostalgia da fotografia e do cinema, na moda europeia, nos concertos, nos acontecimentos, nas revistas e no livro SEX a resposta à América do patriarcado
enquanto reinventava o imaginário das democracias."

A exposição, que conta as colaborações de 15 artistas nacionais e internacionais, teve curadoria de José Maia e Sérgio Costa Araújo. Marta Aires Ferreira, assistente de curadoria da exposição, lembra uma Madonna "multifacetada", que esteve sempre debaixo dos holofotes ao partilhar "a sua visão nos mais diversos temas, como a crítica à Igreja católica e ao sistema religioso, o seu empoderamento feminista e ativismo político." No seu texto de sala, Marta Aires Pereira lembra a "persona fluida" da cantora que "quebrou as normas sociais, chocando a sociedade com a sua visão da Mulher e da sua sexualidade focada no prazer e nas fantasias", sem nunca se deixar intimidar por quem a tentava controlar. Acrescentando que a relevância da artista e do seu ativismo se mantêm até aos dias de hoje, tendo os seus últimos espetáculos tocado em temas como o controlo de armas, as questões LGBTQI+ e, claro, a religião. Por fim, a assistente de curadoria, refere o momento em que "na 64ª edição do Festival da Canção, e mesmo tendo sido alertada para a neutralidade do mesmo, Madonna incluiu na sua atuação a chamada de atenção para o conflito israelo-palestiniano através da presença das bandeiras dos dois países e das palavras “Wake up” no final da sua performance.”

O curador Sérgio Costa Araújo e o artista Roney Gusmão, traduzem a exposição na pergunta "Quem é Madonna?" lembrando, também, que passaram 40 anos e continua não só a renovar os fãs, como as suas causas também. Dizem ser "mais do que uma imagem, é o objecto de desejo perfeito para corações inquietos, o referencial óbvio para quem vê na aceitação da diferença sinónimo notável de distinção e território de pertença." O texto de ambos gira em torno da ideia de "participação, da autodeterminação, da liberdade e da democracia".

Atraídos pela forma como "diversifica os papéis e os baralha, como seduz, como cria em nós necessidades que projecta a partir de um patamar superior posicionado já num lugar de futuro." E enaltecem o seu papel na luta contra a SIDA. Por fim lembram a atualidade das suas lutas como as contra a misoginia, ou o idadismo.

A busca por descobrir "Quem é Madonna?", conta com os contributos de Alexandre Osório, Alice Geirinhas, Alice Martins, April, António Lago, Filipa Valente, Francisca Castro, Éric Many, Inês Coelho, Nika, João Sousa Cardoso, José Almeida Pereira, Marta Amorim, Manuel Santos Maia, Nenaza, Super Bronca, Sérgio Costa Araújo, Sérgio Leitão, Teresa Bessa, e Vítor Moreira.

(Artigo corrigido às 16h30: atualizada hora da palestra pela organização)