A 63.ª edição do festival, organizado pelo Cineclube de São Francisco, marcada para abril, foi cancelada por causa da covid-19, mas a organização manteve a atribuição dos prémios, tendo distinguido Pedro Costa com o “Golden Gate Persistence of Vision 2020″.
O prémio é atribuído ‘à boleia’ do filme “Vitalina Varela”, que teve estreia e distribuição nos Estados Unidos, em fevereiro.
Para o festival, a “singular identidade cinematográfica [de Pedro Costa] combina a observação e a reinvenção ficcional, numa forma que vai muito para além do documentário e que toca a vanguarda”.
De acordo com a produtora OPTEC Filmes, o prémio agora atribuído a Pedro Costa “celebra cineastas cuja obra vai para além das tradicionais fronteiras do cinema narrativo”.
Desde que teve estreia mundial em 2019, no festival de Locarno, na Suíça, “Vitalina Varela” já foi exibido em mais de cinquenta outros festivais de cinema, cinematecas e retrospetivas dedicadas a Pedro Costa.
Em Locarno, o filme recebeu o prémio máximo, a protagonista, Vitalina Varela, foi duplamente premiada como melhor atriz e o júri ecuménico atribuiu uma menção honrosa à obra.
Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava “Cavalo Dinheiro”, acabando por incluir parte da sua história na narrativa, dando-lhe depois protagonismo no filme seguinte.
A narrativa centra-se numa mulher cabo-verdiana que chega a Portugal três dias após a morte do marido, depois de ter estado 25 anos à espera de um bilhete de avião.
Em Locarno, Pedro Costa explicou que os filmes sobre a comunidade cabo-verdiana não são documentários: “Estamos a fazer algo um pouco mais épico”, com base numa relação que existe há 25 anos.
“Falo de pessoas que vivem hoje no esquecimento, dormem nas ruas, são torturados. O cinema pode protegê-los, de certa forma vingar uma parte desta situação, porque pode ser exibido em qualquer lado”, disse.
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