“De 13 de junho a 22 de setembro de 2019, mostrando trabalhos que abrangem toda a sua carreira desde a década de 1960, esta será, em 20 anos, a primeira grande retrospetiva do trabalho de Paula Rego, no Reino Unido”, lê-se no ‘site’ da galeria, citado pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, num comunicado hoje divulgado.
“Obedience and Defiance” (“Obediência e Provocação”, em tradução livre), que estará patente na ML Gallery, durante este verão, inclui “pinturas inéditas e trabalhos em papel, da família da artista e amigos íntimos, que refletem a perspetiva de Paula Rego como uma mulher imersa em questões sociais urgentes e assuntos atuais”.
A seleção de trabalhos reflete “os desafios morais para a humanidade”, destaca por sua vez a galeria, que recorda a abordagem “da violência, da discriminação de género e da opressão política”, na obra da artista portuguesa.
“Há pinturas e gravuras relacionadas com o tráfico de crianças escravas, no norte da África (1996-98), com o aborto (1998-2000) e com a mutilação genital feminina (de 2009)”, escreve a título de exemplo a MK Gallery, no seu ‘site’.
“Muitas das imagens refletem as raízes portuguesas e o universo da infância da artista, e respondem também a assuntos atuais”, segundo a galeria da capital britânica.
Depois de Londres, a mostra seguirá para Edimburgo, onde vai ficar patente na Galeria Nacional de Arte Moderna da Escócia, e para Dublin, onde poderá ser vista no Museu Irlandês de Arte Moderna, tornando-se na “primeira retrospetiva da obra de Rego na Escócia e na Irlanda”.
“Obedience and Defiance” terá um programa complementar, que inclui “eventos, filmes, performances e concertos com artistas portugueses contemporâneos — 15 concertos e 15 filmes”.
“Os artistas deste programa representam a vasta gama de sons experimentais do passado e do presente do país, representando a diversidade e riqueza do panorama musical contemporâneo português: brilhante, não-conformista e prenhe de explorações musicais profundamente ‘cinematográficas'”, refere o instituto Camões, no seu comunicado.
A abertura do programa complementar, a 15 de junho, estará a cargo dos músicos Lula Pena e João Pais Filipe.
Nascida em Lisboa, em 1935, Paula Rego deixou Portugal ainda adolescente, durante a ditadura de Oliveira Salazar, para fazer os estudos na Slade School of Art, em Londres, cidade onde se radicou e vive há mais de 50 anos.
Única artista mulher da chamada Escola de Londres, Paula Rego distinguiu-se por uma obra fortemente figurativa e literária, considerada incisiva e singular pela crítica de arte.
Nessa época, Paula Rego conviveu com nomes de destaque da pintura como Francis Bacon, Lucian Freud, Frank Auerbach e David Hockney.
Foi na Slade School of Fine Art, onde frequentou o curso de pintura entre 1952 e 1956, que veio a conhecer o marido, o artista britânico Victor Willing (1928-1988).
Paula Rego foi distinguida em 2010 pela rainha Isabel II, com o grau de Oficial da Ordem do Império Britânico, pela sua contribuição para as artes.
Em 2016 foi-lhe atribuída a Medalha Municipal de Honra da Cidade de Lisboa.
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