“Ele quer curar e unificar a Terra Média e pensa que tudo vai funcionar muito melhor assim”, afirmou o ator, que encarnou Halbrand e foi revelado como Sauron no último episódio da primeira temporada. “Se toda a gente o ouvisse e simplesmente fizesse o que ele quer, todos ficariam melhor”, acrescentou.
É assim que explica a si próprio o que faz, considerou Vickers. “Não seria útil para ele ou para mim, como ator, pensar que vou ali ser mau para toda a gente”, continuou. “Qualquer mal advém do facto de ele só parar quando concretizar a sua visão, que na sua cabeça é boa. Dito isto, sei que ele é inequivocamente mau”, acrescentou.
A segunda temporada da série, que estreia na quinta-feira no Prime Video, retoma a história épica da prequela escrita para televisão por J.D. Payne e Patrick McKay, com base na obra de John Ronald Reuel Tolkien.
A atriz Cynthia Addai-Robinson, que interpreta a rainha de Númenor Miriel, resumiu o tema numa das mesas redondas em que a Lusa participou: “A primeira temporada é a jornada do herói e a segunda temporada é a jornada do vilão”.
A revelação de Halbrand como Sauron no último episódio foi um golpe duro para a heroína Galadriel, encarnada pela atriz Morfydd Clark.
“É uma grande mudança”, afirmou Clark. “Ele humilhou-a em frente de toda a Terra Média. Agora ela tem de suprimir os sentimentos pessoais de traição, porque isto afeta mais que apenas a ela”, acrescentou.
Clark disse que Galadriel vai perceber que não pode fazer tudo sozinha e terá de ouvir mais que falar. “Terá de decidir quem será neste novo mundo, em que o mal está em ascensão e ela ajudou a isso”, explicou.
Também Adar, o ‘pai’ dos orcs, será confrontado com um regresso de Sauron que considerava impossível e também ele não se considera mau. Nesta temporada, é Sam Hazeldine quem lhe dá corpo, em substituição de Joseph Mawle.
“Não creio que Adar seja um vilão, ele sente o dever de proteger a sua família. O sofrimento por que passou transformou-o no que é agora”, afirmou o ator. “Há uma ameaça existencial. Temos uma fortaleza em Mordor que nos protege até que Sauron regressa e muda tudo”, acrescentou
Para o ator Benjamin Walker, que interpreta o rei Gil-galad, há um outro tema nesta temporada: o que fazemos quando descobrimos uma nova tecnologia?
“A ideia de que os anéis são uma espécie de Oppenheimer, em que ele descobriu a fusão nuclear. Vamos usar isso para dar energia às nossas casas ou destruir a Terra?”, questionou. “Vamos usar isso para o mal ou para o bem?”, acrescentou.
Essa batalha eterna reflete-se numa das narrativas paralelas que deixou mais fãs curiosos: a do Estranho, que muitos julgam ser a origem do feiticeiro Gandalf. O ator Daniel Weyman não confirmou nem desmentiu, mas prometeu uma grande aventura com Nori (Markella Kavenagh).
“Vamos encontrar outros seres e outras comunidades das quais não sabemos nada”, adiantou. “Há sempre este gosto de prever o futuro, mas na verdade penso que as respostas estão no presente”, acrescentou.
Outra história que continuará é a de Arondir (Ismael Cruz Córdova) e Theo (Tyroe Muhafidin), que têm de ultrapassar a tensão entre eles para sobreviverem às ameaças existenciais que vão enfrentar.
No reino dos anões, Disa (Sophia Nomvete) vai reforçar a relação com Durin (Owain Arthur), um casal poderoso que “floresce na segunda temporada”, disse a atriz.
A série é uma das maiores apostas da Amazon Prime Video em originais, com um orçamento de centenas de milhões de dólares por temporada.
O ator Charles Edwards, que interpreta Celebrimbor, considerou que só vale a pena fazer uma série destas quando se pode gastar o dinheiro necessário. “Não há sentido em fazer Tolkien se não lhe fizer justiça”, sublinhou.
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