Depois de fazermos uma série especial sobre "House of the Dragon" e outra de "The Last of Us", em que fomos acompanhando as incidências semanalmente, agora fazemos algo ligeiramente diferente e vamos lançar dois episódios especiais sobre a conclusão de "Succession" (é a segunda vez que falamos desta magnífica série no podcast, podes recordar aqui a primeira). Mais concretamente:

  • Um episódio de abertura: já disponível e aborda o Episódio 1 da 4.ª Temporada ("The Munsters"). Podes esperar aquela recapitulação habitual, mais um comentário adicional com as nossas previsões para o que pode vir a ser o desenrolar da temporada.

  • Um episódio corolário: vamos fazer um rescaldo da última temporada e do que o fim significa para a série como um todo. No fundo, tentar perceber em que nota acabou a história do clã Roy, já que é uma das nossas séries favoritas dos últimos anos.

OK. Mas do que trata o Episódio 1? Bom, além de começar com uma festa de anos (um detalhe delicioso, visto que o Episódio 1 da primeira temporada explora o 80.º aniversário de Logan Roy), o "início do fim" oferece exatamente aquilo a que a série nos habituou: atores a ter performances tremendas, uma escrita brilhante e um ambiente de cortar à faca. Em termos narrativos, decorre pouco tempo depois (uns meses) dos acontecimentos da 3.ª Temporada e a venda do conglomerado de media Waystar Royco ao visionário da tecnologia Lukas Matsson está a 48 horas de distância.

Ainda assim, apesar de um salto temporal curto, o ambiente parece estar diferente. Especialmente com os três irmãos Roy (o mais velho, Connor, é de um mundo à parte). Afinal, Shiv, Roman e Kendall ainda conseguem ter momentos de afeto e aliança. Não é que estejam constantemente aos abraços ou sem se espicaçar uns aos outros — a rivalidade e as bojardas que tão bem conhecemos e adoramos continuam presentes. Mas, até ver, algo mudou entre eles.

Em contraste, o patriarca Logan parece estar isolado e miserável na sua própria festa de aniversário. E note-se que Logan devia de estar feliz: está a dois dias de receber um cheque chorudo por ceder o controlo da Waystar Royco à GoJo de Lukas Matsson (Alexander Skarsgård). Mas a realidade é que Logan mal consegue suportar os "parabéns a você" dos convidados que se reuniram no seu apartamento finório no Upper East Side para beber uns cocktails, chamando-os de "os malditos Munsters".

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Ou seja, as três crianças Roy estão a trabalhar juntas em prol de um objetivo comum, ao passo que Logan está "sozinho" — e não está bem. Claro, se perguntássemos ao pai se este se importa que a relação com os filhos tenha azedado, a resposta seria muito provavelmente um estoico "f**k off". Mas todas as suas ações demonstram o contrário. Dá a sensação de não querer saber, mas a realidade é que os ama e está a sentir a sua ausência.

A par, neste episódio, além de termos a confirmação de que a venda da Waystar Royco está a provocar uma angústia existencial na família, vamos ver as jogadas de dois grupos diferentes dos Roys a tentar fechar o mesmo negócio (Kendall, Shiv e Roman em Los Angeles; Logan, Tom e Greg em Nova Iorque): vamos ver os filhos em disputa direta com o pai pela aquisição da Pierce Global Media (PGM), um conglomerado rival detido pela também rival Nancy ‘Nan’ Pierce.

Se esta nova irmandade tem pernas para continuar ou se vai ceder a vícios antigos após décadas de manipulação pelo "mestre de marionetas", só o saberemos nas próximas semanas. A primeira temporada seria para celebrar a sucessão de Kendall, a segunda a de Shiv e a terceira de Roman. Porém, à entrada para a quarta temporada e a caminhar passos largos para o fim, o patriarca octogenário parece estar como sempre esteve: no controlo.

O que nos leva a questionar se o líder do clã não terá um trunfo na manga. Na teoria, os filhos bateram o progenitor e concluíram um negócio que era um sonho antigo do pai (alerta spoiler: ganharam a batalha pela PGM, uma "obsessão de décadas" de Logan). Mas, na prática, o historial diz-nos que Logan nunca perdeu e nunca se deixou ficar, pelo que os pequenos Roy podem muito bem ter só acordado o urso.