NOTA: Não tens planos para o fim de semana e és fã da série? Então coloca na tua agenda: o próximo episódio - o quinto -, excecionalmente, será exibido antecipadamente já no próximo sábado, dia 11 de fevereiro.
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Depois de um pequeno desvio do material original para revelar aquilo que muitos consideram ser um dos melhores momentos de televisão do ano para explorar melhor o amor de Bill e Frank, eis que "The Last of Us" volta a um registo muito familiar para os fãs do primeiro jogo em que existem referências claras ou até cenas em que os diálogos são praticamente idênticos, palavra por palavra, à versão cinemática do clássico da Naughty Dog. E, sim, inclui aquela conversa que envolve uma certa revista para adultos e que nenhum pai/figura paternal quer ter com a adolescente de 14 anos que está a seu cargo.
- Vê aqui o vídeo que junta lado a lado as cenas para poderes comparar e descobrir as diferenças. Porque apesar de as falas serem ipsis verbis, a adaptação acrescenta algo ou dá-lhe um twist que a torna sua, mas que ainda assim reluz o intento original. (Em toda a honestidade, diga-se, isto tem acontecido em toda a linha e não só com estas cenas).
- Muitos já tinham vaticinado pela Internet fora que a cena que causa extremo embaraço a Joel para regozijo de Ellie tinha sido ignorada, mas como provam os minutos iniciais deste novo episódio, não foi. O mesmo não se pode dizer das hilariantes e constantes trocas de bojardas entre Bill e Ellie.
O Episódio 4 volta a centrar-se na caminhada de Joel e Ellie para o Oeste americano até ao Wyoming e introduz uma nova personagem que pode fazer com que a história da série se desvie novamente um pouco da história do jogo — o que, até ver, tem sido sempre uma coisa boa e fascinante pelo arco e detalhes que acrescenta à narrativa. Mas antes de falarmos da vilã, é importante salientar que este foi o episódio em que vimos Joel a rir.
Atenção, não estamos a falar de um esboçar Colgate forçado ou de um grunho que se assemelhasse a um riso amarelo. Estamos a falar de um riso genuíno, aquele que envolve gargalhadas, só ao alcance de quando há uma ligação de ternura à mistura, numa reação causa-efeito. Não sabemos ao certo há quanto tempo é que os seus músculos faciais não se mexiam deste jeito, mas certamente que há muito.
No entanto, o sorriso só surge porque há uma Ellie nas redondezas, que lhe desperta um tipo de sentimentos (independentemente do número de vezes que se refira à jovem como "carga" ou diga que "não é família" como Tess e Tommy) que se assemelham aos que sentiu e demonstrou por Sarah no primeiro episódio. Apesar de não o querer admitir para não voltar ao fundo do poço, este é já um Joel bem diferente daquele sem alma e desprovido de vida que vimos na estreia a lançar um pequeno corpo para uma fogueira de humanos infetados.
E o mesmo se passa com Ellie.
Na cena de abertura deste episódio, Ellie está em frente a um espelho a ter um momento à "Taxi Driver", em que se encontra de arma em punho a fazer sons de tiros com a boca tipo "pew pew". Ao ver a cena, podia pensar-se que estava a interiorizar o "Are you talking to me" de Robert DeNiro para ganhar fibra. Mas não. Aquela cena, pelo menos na nossa interpretação, assemelha-se a todas as leituras que fez do seu livro de piadas secas (que sabe que é mau, mas que adora) ao longo do episódio: percebemos que, por muito apocalipse que acosse tudo o que a rodeia e conhece, Ellie, por mais madura que seja para idade, e independentemente do que já tenha passado e sobrevivido, ainda é, para todos os efeitos, uma criança. E uma criança, órfã ou não, apesar de ser esse o seu caso, vai sentir sempre falta de afeto e de quem a guie e ajude a navegar pelo desconhecido.
Três momentos sustentam a teoria dos parágrafos anteriores:
- Na carinha estilo Pick Up, Joel deixa de ser monossilábico e fala pelos cotovelos. É aqui que descobrirmos mais sobre o início do apocalipse, de como conheceu Tess e de como Tommy se juntou aos Pirilampos. Pela primeira vez, sem que se aperceba, começa a partilhar assuntos que ele próprio definiu como intocáveis (o que não quer dizer que esteja a partilhar tudo, apenas que aos poucos se começa a abrir);
- Quando Ellie salva Joel de uma morte quase certa numa luta contra um dos membros dos rebeldes (já lá vamos) há uma troca de olhares que pode ser um sinal de que a sua relação mudou;
- Quando são obrigados a barricar-se num edifício depois de serem perseguidos após esse confronto, Joel diz a Ellie que "we'll get through this"/"nós vamos conseguir superar isto" e a jovem responde com um "I know/eu sei".
Porquê? Porque são momentos-chave em que começam/têm noção de que podem confiar um no outro. Fica a ideia e o sentimento de que, doravante, não se trata apenas de se ajudarem mutuamente em prol da sobrevivência ou de completar uma promessa feita a Tess ou de alguém ajudar outro a chegar do ponto A ao B (entenda-se Joel fazer Ellie chegar ao reduto dos Pirilampos para se encontrar uma cura através da sua imunidade). É algo mais do que isso.
Mas falar neste episódio é tocar obrigatoriamente em Kathleen (interpretada pela neozelandesa Melanie Lynskey, a Shauna de "Yellowjackets"), a vilã e a líder da facção rebelde que conseguiu expulsar a FEDRA da Zona Militar Protegida e que agora controla a cidade do Kansas City (no jogo era Pittsburgh, mas os criadores explicaram a mudança no podcast oficial).
É uma personagem nova, que não existe no mundo original do videojogo, embora pareça servir de ponte ao enredo de Henry e Sam, duas personagens que só vemos nos últimos segundos mas que são mencionadas várias vezes — e que Kathleen acredita piamente serem responsáveis pela morte do irmão, sendo esta crença tão profunda que a leva inclusive a matar o médico que a trouxe ao mundo (e a transforma numa antagonista perfeita).
- O episódio também nos introduz Perry (Jeffrey Pierce), o braço-direito de Kathleen e o coordenador militar da facção rebelde. A personagem não é só um "watchdog" da vilã; é um autêntico eastergg de carne e osso, uma vez que Pierce é quem faz a voz de Tommy no jogo (na série o papel está a cargo do ator Diego Luna).
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