Depois de muita antecipação, eis que a muito aguardada adaptação para televisão do aclamado videojogo "The Last of Us" ficou finalmente disponível na HBO Max. E o que vos podemos dizer acerca desta estreia? Bom, que é basicamente tudo aquilo que os críticos escreveram que era.
Mas para saberes em concreto o que isso significa e o que se passou no Episódio 1 - "When You're Lost in the Darkness", recomendamos mesmo que oiças o podcast — é lá que te contamos tudo e ainda partilhamos as nossas ideias sobre aqueles easter eggs que saltam logo à vista.
- Curiosidade: a série obteve 99% de aprovação na tomatada dos filmes e bateu o recorde do Rotten Tomatoes. E se és dos que desconfiam da agenda dos escribas profissionais, a pontuação dos utilizadores não difere muito: em mais de 3.000 reviews, é de 96%. No IMDb, está com 9.5 em 10. No Metacritic, 84 em 100, com o selo "Must-Watch". (Nota: estes dados constavam à hora de escrita deste artigo, podem sofrer alterações com o tempo.)
- Curiosidade 2: A estreia só ficou atrás de "House of the Dragon". Com base nos dados revelados pela Nielsen, o primeiro episódio foi visto por 4,7 milhões de espetadores em todas as plataformas da HBO Max. Em termos de comparação, diga-se que duplicou os números da estreia da 2.ª temporada de "Euphoria", atualmente uma das séries mais populares da HBO.
Agora, espaço para uma espécie de mini Q&A que achamos que te pode ajudar a perceber não só o mundo de "The Last of Us" como todo o alarido em seu redor. As linhas que se seguem, ao contrário do episódio do nosso podcast, são spoilers free.
- Preciso de jogar para perceber e desfrutar a história da série da HBO Max? Não, a série vive por ela própria e está construída de modo a que todos, gamers e não-gamers, percebam e vivam esta jornada por igual (e ainda que não tenhas a experiência imersiva e emocional de quem jogou podes sempre ver este vídeo em 4K no YouTube com todas as cenas cinemáticas que transformam a coisa num filme).
- Não sei nada de nada sobre a série e porque aqui estamos. Do que se trata? Todo este frenesim tem por base dois videojogos e uma coisa que no gaming se chama DLC (pensem numa missão/episódio extra, uma expansão, que completa a história de um jogo) feitos por uma empresa chamada Naughty Dog. A unir todos estes elementos, está a pessoa-chave em todo o processo: o diretor criativo e argumentista Neil Druckmann, o mastermind e criador de "The Last of Us" (2013), do seu DLC "Left Behind" (2014) e da sequela "The Last of Us: Part II" (2020). O primeiro jogo e original é tido como um dos melhores de sempre, ganhou inúmeros prémios e foi aquele que deu início a toda uma loucura pela franquia — que vendeu 37 milhões de cópias em todo o mundo. A série da HBO vai buscar elementos de "The Last of Us" e de "Left Behind". A "Parte II", a mais recente, ficará para outras núpcias.
- E do que reza a história? Esta gira em torno de duas personagens principais, Joel e Ellie, que tentam sobreviver num planeta onde cerca de 60% da população mundial está infetada por um fungo chamado Cordyceps (que transforma os humanos em "zombies", mas aqui não se aplica esse termo). De forma simplista, "The Last of Us" apresenta-nos um mundo clássico pós-apocalíptico em que a estrutura política, moral e económica da sociedade entrou em colapso. A comparação óbvia em tudo o que mexa com zombies (voltamos a frisar que é um termo que aqui não se utiliza) parte com "The Walking Dead", mas na realidade o que temos é muito mais parecido "A Estrada", livro de Cormac McCarthy.
- Mas porque é que o jogo é tão falado e adorado? Primeiro, importa esclarecer que os videojogos são um meio de contar uma história novo, mas único e singular. Ao permitir uma interação e imersão com gráficos muito realistas, especialmente com a nova geração de consolas, é capaz de proporcionar experiências impossíveis de replicar por outros meios (livros, cinema, etc). E no caso particular de "The Last of Us", não estamos passivamente a lidar com algo criado na nossa imaginação através de palavras ou de imagens, mas antes a viver as experiências e emoções que vão acossando as personagens ao longo do seu percurso. Está tudo tão bem desenhado que acabamos por sofrer e sentir o mesmo do que elas: dor, medo, perda, esperança, inocência ou amor. No fundo, jogamos um bom filme. E este "filme" influenciou muito do que foi feito a seguir.
- Só isso? Não, é a maneira como narrativa é construída em torno de Joel e Ellie sem se subverter aos clichés e ao óbvio. A sua relação, bastante complexa, cresce e evolui ao longo do tempo — e enquanto jogadores somos testemunhas disso. O jogo em si é muito linear, mas a sua história difere de tudo o que era explorado na concorrência. Não é a ação, o mundo distópico, as armas, os zombies, que apela à maioria das pessoas. É a relação entre as personagens, é maneira como é atencioso e emotivo para com elas. No entanto, tem a mestria para o fazer sem esquecer que estamos numa jornada de sobrevivência dramática — e, claro, fá-lo enquanto concede uma jogabilidade viciante e realista, igualmente importante. Para apimentar, acresce uma banda sonora minimalista de Gustavo Santaolalla que encaixa na perfeição e um final que, embora seja controverso, é do melhor storytelling que há no mundo dos videojogos e a razão pela qual 10 anos depois a história continua a soar plausível e fresca como no primeiro dia.
- OK. E a série? A adaptação era mais do que esperada — afinal de contas é um jogo muito popular cujo guião e direção artística se confundem com algo feito em Hollywood. Nasce pela mão de Craig Mazin, que depois do sucesso de "Chernobyl" (venceu 10 Emmys e foi considerada a melhor minissérie de 2019), encontrou no jogo de Neil Druckmann o seu novo projeto. Entre si dividem as tarefas de realização, escrita e produção-executiva. Uma combinação, pelo andar da carruagem, que se revelou certeira.
- E quem é que são os atores? Joel e Ellie são dois dos nomes mais reconhecidos no cânone dos videojogos — pelo que haverá sempre opinião, positiva ou negativa, sobre a matéria. Pondo isto, diga-se que os atores Pedro Pascal e Bella Ramsey, dois adorados alumni de "A Guerra dos Tronos" que viveram pouco e deixaram desejo por mais, assumem as posições de carne e osso dos atores originais Troy Baker e Ashley Johnson (que continuará a ser para todo o sempre a Ellie, mas compreendemos que aos 39 anos fica complicado fazer de adolescente). "O quem é quem" completo neste link.
- Ouve o episódio nas plataformas habituais: Spotify, Google Podcasts e Apple Podcasts.
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