A diretora do Atelier-Museu, Sara Antónia Matos, publica hoje uma carta dirigida ao artista, intitulada "1 Ano Após", na qual faz um balanço do último ano da atividade da instituição, e apresenta projetos para o futuro, nomeadamente a edição de uma fotobiografia e a criação de uma bolsa de mestrado para investigação da obra do pintor.
"Querido Júlio - Faz agora 1 ano que morreste e a data é o momento oportuno para te dizer que o Atelier-Museu Júlio Pomar não parou, que continua a realizar e a levar à prática um programa de ações de que certamente te orgulharias, olhando para a frente como sempre fizeste", começa a missiva, a que a agência Lusa teve acesso.
Na carta, a diretora desta entidade, inaugurada em 2013, e tutelada pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) da Câmara de Lisboa, dá conta de projetos futuros, entre os quais a execução da fotobiografia e a preparação da metodologia para o lançamento do trabalho de edição do catálogo 'raisonné', de meados de 1980 em diante - o catálogo de toda a obra do pintor, com imagens e documentos de contextualização, dos últimos 30, 40 anos de atividade -, e projetos de investigação de "mais longo fôlego".
Também está previsto o estabelecimento de um protocolo de colaboração com o Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa (IHA, FCSH-UNL), através do qual atribuirá uma bolsa de mestrado a um estudante universitário que desenvolva uma investigação sobre Pomar.
Pintor e escultor, nascido em Lisboa em 1926, Júlio Pomar morreu em maio do ano passado, aos 92 anos, sendo considerado um dos criadores de referência da arte moderna e contemporânea portuguesa.
O artista deixou uma obra multifacetada - na pintura, escultura, colagem, azulejo, desenho - que percorre mais de sete décadas, influenciada pela literatura, a resistência política, o erotismo e algumas viagens, como à Amazónia, no Brasil.
Atualmente, o Atelier-Museu Júlio Pomar mostra a exposição “Júlio Pomar: Formas que se tornam outras”, que reflete sobre o modo como o erotismo e a sexualidade atravessaram a obra do artista ao longo de mais de 70 anos, com especial incidência nas décadas de 1960 e 1970.
No final de junho, será ainda organizado um ciclo de cinema em que serão mostrados os vários filmes que Tereza Martha, viúva de Júlio Pomar, realizou, nas décadas de 1970 e 1980, sobre vários artistas portugueses, nomeadamente o próprio Júlio Pomar, assim como sobre António Dacosta, Menez, Hogan, Lourdes Castro e Manuel Zimbro.
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